Esta
é a história de dois amigos. Por comodidade, um será identificado por Alfa; o
outro, por Ómega.
Há
anos, Alfa e Ómega encontraram-se. Não se viam desde a adolescência. Cada um
quis saber do outro. Depois de inteirados do que consideraram ser necessário,
decidiram encontrar-se amiúde e assim reatarem os laços da infância e da
adolescência. Verificaram, com agrado, que ambos residiam e trabalhavam na
cidade grande. Era uma vantagem. Despediram-se com um até
breve!
Depois deste encontro, outros mais se seguiram. E os laços
foram estreitando-se. Ambos verificaram que as suas condições de vida ditas
económicas eram diferentes. Um vivia folgadamente, outro nem
tanto.
Certa
vez, Alfa convidou Ómega, ao fim da
tarde, para irem a um espectáculo de variedades. Ómega, menos abastado, declinou
o convite. Surpreso, Alfa quis saber por que motivo lhe era declinado o seu convite. E Ómega, sorrindo, respondeu: somos amigos, mas a tua carteira é maior
do que a minha, logo tu tens um poder de compra que eu não tenho. Seremos sempre
amigos, mas nem sempre poderemos ser companheiros.
Alfa mal disfarçou a mágoa que lhe causou a resposta de Ómega. E
nem sequer quis ponderar a disponibilidade para suportar as despesas. Sabia bem
que Ómega não aceitaria. A desigualdade evidenciada era
superior à vontade de ambos. Uma desigualdade de somenos, pois nem tudo na vida
se mede pelo poder de compra que se tem ou não tem. Sentiram-se mais unidos na
amizade, certos de que os afectos não se compram nem se vendem. Companheiros
seriam na longa estrada da vida, nem tanto no supérfluo que a sociedade também
oferece, pagando.
Gabriel de Fochem
Gabriel de Fochem
11.4.2013