Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

06 - ROMANCEIRO * Amargura



São os campos imensos,

sem suor e sem pão...


São os músculos tensos,


tensos, tensos em vão...



São tão rudes e densos


estes campos de estevas!


São tão negros os lenços


de miséria e de trevas!



São inúteis os dias,


mortos de desencanto,


a gritar agonias


em sepulcros de espanto...



Amargurada terra,


quem de ti te desterra?




José-Augusto de Carvalho
Viana, 30 de Abril de 1998.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

10 - JORNAL DE PAREDE * Da intemporalidade da indignação












“De tanto ver triunfar as nulidades,


de tanto ver prosperar a desonra,


de tanto ver crescer a injustiça,


de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,


o homem chega a desanimar da virtude,


a rir-se da honra,


a ter vergonha de ser honesto.”





Ruy Barbosa de Oliveira



*


Ruy Barbosa foi um jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro. Nasceu em 1849, na cidade do Salvador, Bahia.
*

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

06 - ROMANCEIRO * A minha verdade





Nasci

e comigo nasceu
o sentido de ser...

Cresci
e comigo cresceu
a urgência de ser...

Jesus, o cristo, terá dito:
«Na Casa de meu Pai
há muitas moradas.»

E eu digo:
Na aventura de ser
há muitos caminhos.

Jesus, o cristo, terá dito:
«Só por Mim chegareis ao Pai.»

E eu digo:
Só eu poderei andar o meu caminho.




José-Augusto de Carvalho

10 de Maio de 2007.
Lisboa * Portugal

domingo, 14 de outubro de 2007

06 - ROMANCEIRO * Querer!


 
Não me quero cativo
de quanto me disser
um saber que se quer
poder imperativo.

Quem sabe e quem não sabe?
Que sabes tu e eu não?
Tu tens o teu quinhão
do todo que nos cabe.

Eu quero descobrir e quero descobrir-me!
Eu quero desbravar e quero desbravar-me!
Que cada queda a dar seja um grito de alarme
na vontade a subir e cada vez mais firme!...

06 - ROMANCEIRO * No princípio...



Naquele tempo, os senhores
ainda eram só pastores.

Sofriam o tempo agreste
lado a lado com os servos
e olhavam os seus acervos
como uma bênção celeste.

Já nesse tempo a riqueza
era um privilégio raro
e afrontava a natureza
com loas ao desamparo.

Já então o verbo erguia,
em armadilhas e ardis,
o poder que anestesia
os rebanhos nos redis.


06 - ROMANCEIRO * Ontem e Hoje



Hoje é o tempo que tenho.
Hoje é o tempo que sou.
Sou o tempo que encontrou
o meu tempo, que sustenho
na certeza dos meus passos,
no calor dos teus abraços.

Diverso outro tempo tive
do tempo sempre em viagem.
Trago o tempo na bagagem
enquanto o tempo em mim vive.
Salto no espaço, sem rede...
Mergulho num mar de sede!

Rasgo os longes de infinito!
Ninguém sufoca o meu grito!

José-Augusto de Carvalho
7 de Outubro de 2002.

domingo, 7 de outubro de 2007

06 - ROMANCEIROS * Inquietação




Procuro em cada verso o verbo raro
que dá ao Belo , exacta, a dimensão .
E vou e retrocedo, e nunca paro,
porque à vulgaridade digo não .


Que o Belo ganhe as formas apolíneas
e dê sentido e luz e cor à Vida!
Que seja a força contra as ignomínias ,
sangrando embora em cada arremetida.



A fome sabe à raiva que desperta
caminhos que há em mim adormecidos.
É como um grito lúcido de alerta
da tumba erguendo os mártires traídos.



E um baile de recorte tão dantesco
assombra o chão de nós a vegetar ...
Além , daquele já delido fresco ,
eu quero a bela Daphne por meu par...





José-Augusto de Carvalho
6 de Outubro de 2007

Viana do Alentejo * Évora * Portugal

terça-feira, 2 de outubro de 2007

10 - JORNAL DE PAREDE * Cuba: médicos cubanos operan gratis al asesino del Che

Cuba

Médicos cubanos operan gratis a Mario Terán


Curaron al asesino del Che


Página/12, Buenos Aires, 30-9-2007.






El suboficial boliviano que en 1967 se hizo famoso por asesinar a Ernesto “Che” Guevara recibió un extraño regalo de la Revolución Cubana. Sin saberlo, un grupo de médicos de la isla que hacía trabajo humanitario en Bolivia lo operó de cataratas y le devolvió la vista. El diario cubano Granma ayer destacaba la historia, que calificó como una nueva victoria del Che. “Recuerden bien este nombre: Mario Terán, un hombre educado en la idea de matar que vuelve a ver gracias a los médicos seguidores de las ideas de su víctima”, decía el periódico.
La historia la contó por primera vez el hijo de Terán. Luego de la operación, le pidió a El Deber, un diario boliviano de Santa Cruz, que publicara una carta de agradecimiento a los médicos cubanos. Al ex suboficial boliviano lo operaron en el marco de la Operación Milagro en un hospital donado por Cuba e inaugurado recientemente por el presidente Evo Morales. Ayer los medios de la isla destacaban que el militar retirado, como cientos de indígenas y campesinos de la región, no tuvo que pagar ni un centavo para recuperar su vista.
La noticia llega sólo días antes del 40º aniversario de la muerte del Che. En la isla ya se preparan decenas de festejos. Sin embargo, la carta de agradecimiento del hijo del suboficial parece ser el mejor recordatorio del legado del guerrillero argentino que acompañó a Fidel Castro en la revolución en 1959. “Anciano ya, Terán podrá volver a apreciar los colores del cielo y de la selva, disfrutar la sonrisa de sus nietos y presenciar partidos de fútbol. Pero seguramente jamás será capaz de ver la diferencia entre las ideas que lo llevaron a asesinar a un hombre a sangre fría y las de este hombre”, escribió Granma.
Ayer en La Habana recordaban que, después de conocerse la muerte del Che, Terán le dijo a la prensa que había costado juntar fuerzas para dispararle. “No tiembles más y dispara aquí, que vas a matar a un hombre”, dijo que le dijo el Che, mientras se desgarraba la camisa y se sentaba en el piso. El entonces suboficial boliviano estaba tan nervioso que nunca supo cuántos tiros disparó antes de que el líder guerrillero se desvaneciera completamente en el suelo.




Correspondencia de Prensa - boletín informativo - red solidaria Ernesto Herrera (editor)
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