Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

09 - IN MEMORIAM * Al-Mu'tamid





I
Quando soube de ti,
era tarde demais
para te conhecer!


Quando soube de ti,
era tarde demais
para ouvir-te cantar!...


Quando soube de ti,
era tarde demais,
tarde demais, em Beja?


II
Que jardins perfumaram
a sombra enamorada
de sonho e meio-dia?


Que enfeitiçadas sedes
mitigaram as fontes
de espanto e sedução?


Que inseguros trinados
ensaiaram felizes
hinos de primavera?


Que ilusão me embriaga
de respirar os ares
que respiraste um dia?


III
Nos lábios de romã
da doce Xerazade
o dulçor dos teus versos…


Os poentes de sangue
entardecem ainda
a tua amada Beja…


Nas auroras de Maio,
os campos em promessa
da tua amada Beja…


IV
Enquanto houver memória
de Vida e Poesia,
nunca é tarde demais
na tua amada Beja!


Que por ti e por nós,
assim seja, Poeta!




José-Augusto de Carvalho
29 de Janeiro de 2014.
Viana * Évora * Portugal