Que o tempo de hoje se situe e seja o desafio!
Que a folha desprendida ensaie o rodopio!
Que as dores das origens
se evadam nas manhãs
e sangrem as vertigens
nos outonais delíquios das romãs!
Que após o longo tempo em gestação,
das húmidas entranhas brotem lanças!
Lanças subindo, raio acima, a tentação
da luz que vem do céu no olhar duma criança.
Que venha, num sinal tão manso de evangelho,
anunciar o pão,
o pão da fome, o pão do menino e do velho
que, ali no largo, jogam ao pião!
José-Augusto de Carvalho
13 de Novembro de 2014.
Viana*Évora*Portugal