Já nasci na prisão.
Fiz do medo
um brinquedo
que trazia na palma da mão.
Fui menino enjeitado.
Fui soldado.
Fui adulto explorado.
Fui vexado.
Vi o medo tolher
quantos homens sem medo!
Vi crianças comer
um bocado já duro de pão.
E vi mães em segredo
a beijarem o pão que caíra no chão!
Eu vi tudo o que havia de feio!
E passados que são tantos anos,
um amargo receio
de não ver
esta safra de enganos
finalmente ceder
à verdade de ser.
Um receio doído,
como a fome sem pão,
como um homem traído p'la vil delação,
como a flor da esperança
que a vergonha dos homens insulta
na inocência das mãos da criança
condenada a nascer já adulta...
José-Augusto Carvalho
20 de abril de 2002
Viana * Évora *Portugal
5 comentários:
Ola visitei seu blog e sinceramente achei um barato e gostaria de convidar para acessar o meu também e conferir a postagem desta semana: TEMPOS POLÍTICO-MODERNOS.
Sua participação será um grande prazer para nós
Acesse: www.brasilempreende.blogspot.com
Atenciosamente,
Sebastião Santos.
Olá, Sebastião!
Grato pelo comentário.
Irei visitar o teu espaço.
Desde Portugal, o meu abraço.
José-Augusto
Caro José Augusto
Em termos psicologicos a catarse é um bem, uma necessidade para quem viveu um grande mal,feita em poema, embora suavize a descrição, parece que ainda faz mais sangrar a ferida para a depurar, porque tudo chega em quantidade e qualidade certas.
Nesta catarse, remédio bom para males passados, há também um quê de aviso para males vindoiros que não se desejam, e precisavam de ser banidos para todo o sempre do convivio dos humanos.
abraço
asilva
belo poema.
um abraço
asilva
Através do Lumife vim descobrir a tua poesia. Gostei. Um beijo.
Gostei imenso deste poema, sitaram-no no meu blog e tive de vir ver e ler mais sobre o seu autor.
Muitos parabens, continue.
Um abraço
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