Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

domingo, 25 de abril de 2010

06 - ROMANCEIRO * A recusa


A Rosa dos Ventos - Ponta de Sagres, Portugal


Recuso ser, na noite, a sombra que desenha
a angústia indefinida e fria deste cais.
O que tiver de vir, se mais houver, que venha,
Mostrengo, Adamastor e Fim do Nunca Mais!


O leme se quebrou. Ao vento, as rotas velas
ensaiam os sinais das barcas à deriva.
Que velhas perdições?! Na consciência delas,
assombram predições doendo em carne viva.

Que venham os pinhais gritar o desafio
do tempo por haver que acena o amanhecer
além deste torpor indefinido e frio!

Que venha a tentação sortílega tecer,
com arte e com engenho, o já lendário fio
da espera que germina um novo acontecer!...



José-Augusto de Carvalho
20 de abril de 2010.
Viana * Évora * Portugal


(Apenas com este poema me é possível assinalar a Revolução dos Cravos, ocorrida em 25 de Abril de 1974.)

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