Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sábado, 17 de julho de 2010

03 - O MEU RIMANCEIRO * Nihil sine causa

O MEU RIMANCEIRO

(QUE VIVA O CORDEL!)

*

Nihil sine causa



A feira dos medíocres continua!

Senhores, quem dá mais? Quem arremata?

Sujeita à turba e à provação da rua,

a chusma de alimárias à arreata!



Os guizos, nos molins, são uma festa!

Em algazarra, corre o rapazio!

Morenos pelo sol que em fogo cresta,

ciganos e malteses de ar sombrio...



Barracas de andrajoso amor comprado,

um vómito de nojo purulento!

E, ao sol deste martírio, o descampado

inteiriçado ao frio do relento...



Lá longe, na cidade bem guardada,

a corte, em seus festins, não dá por nada...



(Nihil sine causa, nada existe sem uma causa, Cícero)



José-Augusto de Carvalho
Viana*Évora*Portugal
26 de Janeiro de 2000.

Sem comentários: