Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

domingo, 19 de maio de 2019

18 - CAMINHEIROS * José Carlos Dinardo


CAOS ESTRELADO é composto por 70 poemas, criados em épocas distintas e sem uma focalização temática, onde fica claro o fascínio em abordar os aspectos existenciais. A sequência em que os poemas são apresentados na obra é aleatória, tendo sido a definição da posição de cada poema na obra definida por sorteio, feito pelo autor. Esta opção decorreu da preocupação em não contar nenhuma estória com o sequenciamento dos poemas. Assemelha-se assim esta obra a um céu estrelado, com poemas-estrelas com vários brilhos e texturas, onde a montagem das constelações fica por conta do leitor.

Ficha Técnica
ISBN
9788530002695
Páginas
90
Edição número
1
Edição ano
2019

sexta-feira, 17 de maio de 2019

18 - CAMINHEIROS * José Carlos Dinardo


Estimados Leitores de vivo e desnudo:

A etiqueta agora criada -- caminheiros -- corresponde à decisão de divulgar autores que muito prezo.
Inicio esta divulgação com o poeta brasileiro José Carlos Dinardo.
Os meus cumprimentos.
José-Augusto de Carvalho




José Carlos Dinardo por ele mesmo:

Nasci no início da década de 50, em Rio Claro, no interior do Estado de São Paulo. Passei minha infância à beira de uma floresta de eucaliptos, onde brincava e sonhava; meu fascínio pela natureza e meu amor pelos animais decorrem deste cenário. 
O desejo de estudar foi natural e impetuoso. O de leitura foi herdado do meu Pai, voraz leitor de revistas. Neste clima de sonhos, busquei meu caminho, me especializando em Engenharia na área de telecomunicações. 
Descobri um esporte que pratico com regularidade: corridas de longa distância. 
Fã incondicional dos Beatles e de músicas eruditas, faço da poesia meu meio natural de expressão artística. 
Creio sempre ter sido poeta, mas comecei a escrever poemas no início da década de 80 e não pretendo parar jamais. 
Publiquei 13 poemas na 49ª. edição da Antologia Poética da Editora “Palavra é Arte”, em 2018. Em Abril de 2019, publiquei meu primeiro livro, com 70 poemas, “Caos Estrelado”, pela Editora Viseu. 
Gosto de declamar meus poemas em público e sentir suas reações.






BAILARINO


A luz violentou o palco.
Seu pranto gerou a música.
Surge o bailarino, num sobressalto.

Rodopios, gestos, firmezas.
Saltos no vazio perplexo.
Aplausos em busca de um coração.

Que Deus pagão te deu o espaço?

Quando a música cansou de te acompanhar,
Não foi possível saber, sequer imaginar.
Se eras a música, o espaço ou o tempo,
Ou se, divino, recriavas tudo no movimento.







terça-feira, 7 de maio de 2019

08 - CIDADANIA * A instante interrogação

NA PALAVRA É QUE VOU...
.
A instante interrogação





Para além dos múltiplos deveres e direitos do quotidiano, para além do convívio social dito civilizado do mesmo quotidiano, para além dos afectos, a nossa vida é a instante interrogação de nós mesmos e de tudo o que nos perturba e nos reduz ao desconforto ansioso do real que intuímos e à utopia que perseguimos.
Passamos pela existência de outrem e deixamos ou não memória de nós; passam pela nossa existência e deixam ou não memória da sua passagem. E quando a memória não é perene, poderemos ou não citar Lavoisier? Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma… (cito de cor).
Se, por um motivo ponderável ou não, nos ausentamos, o convívio social dito civilizado já referido sentiu a nossa ausência ou continua imperturbável? Será que, perante a nossa ausência, indiferente sentencia só fazem falta os que estão?
Certa vez, uma pessoa me falava incomodada de alguém que experimentava o outro. Experimentava na acepção de testar, sublinho. Confesso que fiquei surpreendido e ainda hoje assim continuo. Não tenho a pretensão de molestar quem pensa diferente, mas vejamos:
1- Como me parece adequado, comecemos pelo "princípio". Sim, princípio em itálico. Tenho por certo que pouco ou nada sabemos do Princípio e pouco ou nada saberemos do Fim. Aqui vamos neste nosso tempo fazendo os possíveis e sonhando os impossíveis para chegarmos inteiros ao fim da efémera jornada. Ora bem, o mito do Eden é claro: Deus testou ou experimentou Adão e Eva com o fruto proibido. E, que me conste, ninguém molesta Deus por isso.
2- Quando o outro é testado numa prova qualquer, também ninguém ergue a voz protestando.
3- Quando sondamos o outro no sentido de sabermos se contamos ou não com ele para um objectivo qualquer, estamos testando a sua (in)disponibilidade.
4- Quando criamos uma expectativa do outro, alguns indícios dele conhecemos ou supomos conhecer e esses indícios pressupõem um teste indirecto.
Afinal, qual de nós não testa o outro?
Colocado quanto antecede, a conclusão parece evidente: a nossa existência é uma interrogação permanente de nós mesmos perante o outro porque só no outro poderemos encontrar-nos ou não e assim nos cumprirmos ou não.


José-Augusto de Carvalho.
Alentejo* Portugal