Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sábado, 13 de novembro de 2021

17 - POEMÁRIO * Identidade (catarse)

 Esta lira de mim!...

*

Identidade (catarse)



Talvez eu tenha sido um sonho (ou pesadelo?)

de um deus que já morreu.

Que importará sabê-lo?

Hoje, me bastará saber que aconteceu.


Neste determinismo, existo porque existo.

Efémero, cheguei; angústia permaneço.

A dúvida instalou-se, eu sei, mas não insisto.

Quando o meu fim chegar, exausto e morto, esqueço.


Aos medos abismais, deixo, por testamento,

a queda a revelar-se

que ainda represento

sem artifícios, cara a cara e sem disfarce.


.

José-Augusto de Carvalho

Lisboa, 10 de Novembro de 2021.

domingo, 7 de novembro de 2021

17 - POEMÁRIO * Oração

 

NA ESTRADA DE DAMASCO

(livro em preparação)

*

Oração

 

Na farsa da serpente, repetida,

Senhor, caí, incauta, em tentação!

E quando, aflita, supliquei guarida,

a graça recebi na provação.


Em dor e sal, cumpri a penitência.

Saída da caverna, o dia claro

as sombras extinguiu sem complacência

e a luz foi graça e foi o meu amparo.


Perdida regressei e salva sigo

na tua estrada austera de exigência,

que é minha direcção e meu abrigo.


E na verdade pura da decência,

escrevo os versos dum cantar de amigo,

com o candor sublime da inocência.

 

.

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 7 de Abril de 2021

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

01 - POSIÇÃO * Informaçao

Informação 
 
 


 Aos leitores deste meu espaço devo uma justificação que peca por tardia. 
Penitenciando-me, apenas me restará socorrer-me do estafado pedido de desculpas que encerra a frase popular "mais vale tarde do que nunca". 
 A justificação da minha falta consiste em profundas perturbações que ocorreram na minha vida privada, perturbações que me restringiram disponibilidade de tempo e me afectaram psicologicamente. 
Outrossim, o meu estado de saúde e a minha idade me limitam, o que eu considero natural e inevitável.
Tento agora regressar e prosseguir o meu caminho de sempre: "Escrevo o que sinto / e sinto o que escrevo,/ e é porque no minto /que a tudo me devo."
Cordiais saudações 
José-Augusto de Carvalho 
Alentejo (Portugal), 4 de Novembro de 2021.