TEMPO DE SORTILÉGIO
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Meus versos
(Ícaro, Chagall)
Pediste-me um poema original
como se eu fosse um mago jardineiro
cuidando com desvelo, num canteiro,
de raro e fascinante roseiral.
Quem dera eu fosse o mágico poeta
que em rosas as palavras transfigura!
Vermelhas rosas ébrias da ternura
que dissimula uma paixão secreta.
Dos deuses enjeitado, como ousar
as siderais alturas onde os astros
são círios a velar ainda Orfeu?
Perdidos neste chão de malmedrar,
meus versos são efémeros os rastros
de quem não teve a graça de voar...
José-Augusto de Carvalho
20 de Junho de 2018.
Alentejo * Portugal