NA ESTRADA DE DAMASCO
*
Entre sombras
Foi banhar-se nas águas dos rios.
Quis lavadas as nódoas de sangue.
Quatro rios parados e frios
e um destino de sedes exangue.
Escondida entre as ervas daninhas
que irrompiam nas margens dos rios,
a serpente ensaiava escarninhas
armadilhas em outros ousios.
Do que fora o Jardim-Paraíso,
só da lenda a memória difusa,
extinguindo-se em traço impreciso.
Tudo o mais que se afirma e recusa
não mais é que travesso sorriso
a tentar-nos nos lábios da musa.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 16 de Agosto de 2022.
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