Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

04 - FANTASMAS DA MEMÓRIA - Quadro medieval





Trombetas atordoam a alvorada.
Descendo vai a ponte levadiça.
A castelã deslumbra, delicada,
vestida de brocados e preguiça.

À sombra do longevo campanário,
erguido no estertor dos tempos velhos,
ainda vive o mártir do Calvário
nas folhas já sem cor dos Evangelhos.

Mortiça, a luz das velas, na capela,
mal alumia a Cruz da redenção.
Paramentado, o padre se desvela
no ofício de servir o castelão.

No altar, exposto, o cristo, abandonado,
exangue se mantém crucificado.




José-Augusto de Carvalho
17.12.2007
Viana * Évora * Portugal
In «Da humana condição», 2008

2 comentários:

António Bondoso disse...

Meu caro

Vamo-nos contentando com o sentido e o sentimento das palavras. E este seu Cristo crucificado do QUADRO MEDIEVAL,para além de exemplo e de referência, continua a ser um dos últimos redutos da esperança.

Que ela não seja avara em 2008.
Felicidades e inspiração para novas palavras.

Um abraço do António Bondoso

Marta Bellini disse...

Gostei muito de seu Blog. Fiz link no meu.

Abraços
Marta Bellini
Maringá, PR
Brasil