Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

domingo, 13 de abril de 2008

10 - JORNAL DE PAREDE - Respondendo ao comentário do senhor Henrique Fialho



Senhor Henrique Fialho, a fim de se evitarem interpretações incorrectas, irei responder ao seu comentário, ponto por ponto.
1
Absolutamente de acordo quanto a qualquer cidadão ser (ou dever ser) responsabilizado por aquilo que diz ou faz.
2
Com ou sem ironia, o senhor refere orfeus de terracota, situação que remete para o texto que consta da primeira página do livro: Na capa / Orfeu / Jorge Vieira / Terracota / Col. Arq. José Maria Segurado.
3
Sabendo-se que terracota significa barro cozido, que paralelismo pretende o senhor estabelecer entre uma colectânea de versos e barro cozido? Entendo que menospreze os versos, não entendo o menosprezo pelo barro, seja cozido ou cru.
4
O senhor reincide no ataque ao editor Leonardo de Freitas pela sua decisão de editar o meu livro. Se ele raciocinasse pela cabeça do senhor, certamente não teria havido edição. Mas ainda que por remota e absurda hipótese tal lhe ocorresse, seria avisado fazê-lo, quando o senhor admite que o livro nada lhe diz por (e cito) «ignorância minha, certamente»?
5
Diz ser Brecht leitura aí de casa. E ainda não o admoestou pelo punho em riste?
6
E mais diz admirar Lenine, o homem de guerras, como decide apodá-lo. Muito bem! O senhor é realmente um achado! Um grande achado!
7
Afirma ter-se habituado a conviver bem com a diversidade de opiniões, de perspectivas e a, quanto a mim muito saudável, divergência política, estética, cultural, religiosa, etc.
Pois, bastará ler o vómito que o senhor derramou sobre «a instante nudez», para se ficar com a certeza da veracidade da sua afirmação.
8
O senhor está no seu pleno direito de criticar o livro, o que não fez. Optou pelo vómito. Quanto à liberdade que se permite invocar, esta palavra não dá cobertura à linguagem que usou.
9
Tudo no livro o leva a afirmar que neles (os poemas) tudo me «cheira a mofo, já visto, arroto panfletário, servilismo bacoco, ainda que o labor da cantoria ande às voltas com a insubmissão, a resistência, a recusa, a militância, o humanismo de punho em riste. Que eles digam muito a outros leitores, é o que, sem qualquer ironia ou cinismo, espero e desejo.
O senhor tem razão: a indignidade já cheira a mofo, mas persiste aí; o já visto, também;o arroto reaccionário, idem; e por aí… Basta olhar em derredor e, já agora, bastará lê-lo.
Quanto ao que os outros dirão, deixe-os serem eles a falar.
Depois do que o senhor disse do livro e de mim, é com repulsa que leio a hipocrisia desta frase: Que eles (os poemas) digam muito a outros leitores, é o que, sem qualquer ironia ou cinismo, espero e desejo.

Nesta apagada e vil tristeza, de que falou Luís de Camões, e que persiste, assim vamos… cruzando-nos, no caminho árduo, com iluminados como este senhor Henrique Fialho, de Rio Maior… e sem moca!

José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo, 13 de Abril de 2008.
*

1 comentário:

Unknown disse...

A opinião é livre e ainda bem que assim é. A Poesia é uma arte que produz objectos dos quais se pode gostar ou nada. O que conta, para mim, claro, é aquilo que EU penso sobre o que leio. E o que li em "Instante nudez", mas sobretudo em "Da humana condição" diz-me só isto: ainda bem que escreves assim.
Um abraço
Xavier Zarco