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Pisamos estas calçadas há muitos anos. Estas calçadas, hoje encobertas por uma camada de alcatrão, que as enluta. Não vem ao caso condenar, agora, o autor desta barbaridade, mas, sim, perguntar se este atentado se eterniza.Todos sabemos que um pavimento em pedra dura séculos e permite a infiltração de parte da pluviosidade.
Todos sabemos que o pavimento de pedra, quando há necessidade de ser removido, facilmente se repavimenta e nunca apresentará remendos.
Todos sabemos que o alcatrão, devido ao atrito, provoca a contaminação do ar que respiramos.
Todos sabemos do pó negro (alcatrão) que limpamos nas nossas casas.
Porque em qualquer gestão é fundamental atender à questão custo/benefício, em quanto importa, anualmente, a manutenção de uma calçada e em quanto importa, também anualmente, a manutenção do tapete de alcatrão?
2
Nesta época de democracia formal, ainda temos a possibilidade de questionar os eleitos. Sobre o pavimento das ruas e sobre tudo o mais.
Tal como há o debate do estado da nação, para quando o debate do estado da autarquia? É uma discussão que está por fazer e que seriamente deverá ser permanente.
Não auscultar os anseios da comunidade é um modo perverso de agir.
Não propiciar a participação da população é castrar o direito de cidadania.
3
Assistimos ao Poder, a todos os níveis, agindo de modo autista. Não houve ninguém; nada pergunta; tudo sabe.
O povo-eleitor é chamado a votar de quatro em quatro anos e aí se esgota a sua participação na res publica.
Não queremos acreditar que a política dita partidária esteja perigosamente a esgotar-se, ainda que o seu funcionamento em circuito fechado claramente demonstre que algo está mal no Reino da Dinamarca. E porque assim é, não será despiciendo ponderar, a curto ou médio prazo, a criação de um movimento de cidadania que livremente aja a contento. E nada seria de extraordinário neste município onde está bem presente ainda a acção criadora do movimento liderado por António Isidoro de Sousa.
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Pisamos estas calçadas, todos nós, cidadãos preocupados com o nosso presente e com o nosso futuro.
Se o Poder que nos representa não souber merecer a nossa confiança, o caminho será tomarmos nas nossas mãos o nosso destino colectivo.
Gabriel de Fochem
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