Sagres: Navegar é preciso
Naquele dia, fui saudar o promontório.
Um dia que tardou na minha sede antiga.
Levei-lhe, no ondular dolente duma espiga,
anseios deste pão salgado e merencório.
No longe que entrevi, sem barcos e vazio,
numa apagada e vil tristeza que Camões
fixou num estertor de angústia, morte e frio,
apenas um sem fim rendido de aflições.
Do mar chegavam sons vestidos de gemidos.
Trazia a maresia um cheiro a náusea e morte.
Distante e todo azul, um céu de indiferença.
Ali, pregado ao chão, vergados os sentidos,
olhando já sem ver, o nítido recorte
da pátria por haver, das nossas mãos suspensa...
Um dia que tardou na minha sede antiga.
Levei-lhe, no ondular dolente duma espiga,
anseios deste pão salgado e merencório.
No longe que entrevi, sem barcos e vazio,
numa apagada e vil tristeza que Camões
fixou num estertor de angústia, morte e frio,
apenas um sem fim rendido de aflições.
Do mar chegavam sons vestidos de gemidos.
Trazia a maresia um cheiro a náusea e morte.
Distante e todo azul, um céu de indiferença.
Ali, pregado ao chão, vergados os sentidos,
olhando já sem ver, o nítido recorte
da pátria por haver, das nossas mãos suspensa...
José-Augusto de Carvalho
3 de Dezembro de 2008.
Viana * Évora * Portugal
Memória da ida a Sagres, em 1964.
3 de Dezembro de 2008.
Viana * Évora * Portugal
Memória da ida a Sagres, em 1964.
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In «Do Mar e de nós», 2009
In «Do Mar e de nós», 2009
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