Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

06 - ROMANCEIRO * Metamorfose



É quando a noite cai e o frio na lareira
descobre que sem lenha o fogo não se ateia,
que um grito de aflição assombra a pasmaceira
que anestesia há muito o povo desta aldeia.

E tocam a rebate os sinos da capela!
O burburinho cresce e vai de rua em rua.
E quem não vai, está olhando da janela
a vida que palpita e livre se cultua.

E corre o rapazio, ousando a sedução
de ser e de crescer nas asas da cantiga,
como o pião que roda e roda em sua mão
até parar feliz e exausto de fadiga!

E o frio se transmuta em fogo e ganha alturas,
instante a crepitar antemanhãs maduras!


José-Augusto de Carvalho
9 de Dezembro de 2010
Viana*Évora*Portugal

1 comentário:

Conceição Paulino disse...

suspiro, respiro fundo...
As verdades deviam ser como o fogo: purificadoras.
Beijinho
Conceição Paulino