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Domingo, 12 de Outubro de 2014.
Por que a extrema-direita brasileira
odeia tanto a Cuba?
Por João Batista no jornal A Verdade
É de se perguntar o porquê de tantos ataques a uma
pequena ilha caribenha, nação onde vivem pouco mais de 11 milhões de pessoas (menor
que a população do estado da Bahia) e cujo o Produto Interno Bruto – PIB
representava US$ 72 bilhões em 2012 (o orçamento apenas da prefeitura de São
Paulo é de US$ 25 bilhões) nas eleições presidenciais brasileiras.
A estratégia durante toda a campanha foi de jogar sobre o
governo de Dilma a pecha de estar utilizando dinheiro público para financiar o
governo cubano, através da construção do Porto de Mariel e da contratação de
médicos para o programa Mais Médicos. Via de regra, a candidatura de Dilma
aceitava a crítica e não desmascarou o motivo de tanto ódio a Cuba por parte da
extrema-direita.
A verdade é que o Porto de Mariel, a 40 km de Havana, é
uma obra a mais financiada pelo BNDES. Outras obras similares foram financiadas
em outros países como Equador e Angola. Longe de ajudar o socialismo, o
objetivo dessa estratégia é fortalecer as empresas capitalistas nacionais,
criando um mercado com os países de sul que possa suplantar a crise vivida
pelos EUA e a União Europeia. O grande beneficiado com o porto de Mariel é
mesmo a Oderbrecht, já que o financiamento do BNDES será pago pelo governo
cubano.
No caso do Mais Médicos, programa paliativo para levar
médicos às cidades do interior, a extrema-direita faz uso de duas mentiras.
Primeiro, esconde que a vinda dos médicos estrangeiros só aconteceu após a
recusa dos médicos brasileiros em trabalhar nos lugares ermos. A honrada classe
médica chegou a afirmar que receber R$ 10 mil de salário é escravidão. Segundo,
procuram explorar o fato de que grande parte dos salários dos doutores de Cuba
serve para pagar seus estudos, ajudar a família e desenvolver o país deles.
Escondem que o trabalho do médico fora das fronteiras nacionais é um ato
voluntário, humanitário e social, como heroicamente fizeram os médicos cubanos
no Haiti e, agora, nos países africanos atingidos pelo Ebola.
Ao caluniar Cuba, a extrema-direita procura colocar toda
a esquerda brasileira em defensiva. Ao não defender as conquistas sociais
cubanas, a esquerda perde em legitimidade e protagonismo para defender a
justiça social no Brasil.
Por mais diferenças que se possa ter com o modelo de
democracia ou de socialismo aplicado por Cuba, não se pode perder de vista que
uma sociedade que priorize a justiça social ao invés do lucro é sempre melhor
que qualquer regime capitalista. Quando nos calamos, parte da classe
trabalhadora passa a repetir e acreditar nesses chavões repetidos a exaustão
pelos representantes dos capitalistas, tornando mais difícil a luta por justiça
social no Brasil.
Afinal, por que tanto ódio a uma pequena ilha?
Cuba é o exemplo de que é possível construir um caminho
diferente. Mesmo cercada, embargada e perseguida pelo imperialismo nos terrenos
econômico e político, o povo cubano permanece ostentando os melhores índices de
desenvolvimento social, reconhecidos pelos organismos independentes da ONU. Já
pensaram se se tratasse de um país rico em petróleo, fontes de energia
naturais, com amplas florestas e fontes de minérios, ou seja, um país que
tivesse condições geográficas e naturais de desenvolver a indústria e a técnica
em níveis superiores?
Cuba é a prova viva de que a igualdade social é mais
eficaz que o acúmulo de riqueza. Que a solidariedade é mais eficaz que o
individualismo. Que a educação e a justiça social são as armas mais eficazes
contra o crime e a violência. Que uma sociedade pode viver sem altos índices de
consumos de drogas lícitas e ilícitas e, também, sem encarcerar sua juventude e
seus pobres. Em resumo, Cuba é a prova viva que todo o discurso da extrema-direita
é mentiroso e por isso precisa ser derrotada.
Não podemos esperar que o governo do PT defenda as ideias
de Cuba pois seu interesse para com a ilha se resume a esfera dos negócios. É
preciso devolver todo o ataque sofrido pelo povo cubano organizando o povo para
lutar pelo programa da classe trabalhadora brasileira.
Postado por AF Sturt Silva
(Republicamos com a devida vénia.)
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