Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

03- O MEU RIMANCEIRO * Que viva o cordel!


O MEU RIMANCEIRO

(QUE VIVA O CORDEL!)

*

O jumento




Tão manso, sobe a ladeira!
Manso, manso, mansidão!
Vai à feira, vem da feira,
leva ou traz a servidão.


Sobre o dorso, pesa a albarda.
Sobre a albarda vai o dono.
Só a noite alta lhe guarda
algumas horas de sono.


No estábulo solitário
espera a magra ração:
é o mísero salário
de quem vive em servidão.


Cale-se a palavra gasta
incensando a compaixão!
De tantas loas já basta!
É tempo de dizer não!


E que venha o que vier
na mudança anunciada!
Traga a vida o que trouxer, 
sempre será outra estrada.



José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 20 de Janeiro de 2017.

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