O MEU RIMANCEIRO
(QUE VIVA O CORDEL!)
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O jumento
Tão manso, sobe a ladeira!
Manso, manso, mansidão!
Vai à feira, vem da feira,
leva ou traz a servidão.
Sobre o dorso, pesa a albarda.
Sobre a albarda vai o dono.
Só a noite alta lhe guarda
algumas horas de sono.
No estábulo solitário
espera a magra ração:
é o mísero salário
de quem vive em servidão.
Cale-se a palavra gasta
incensando a compaixão!
De tantas loas já basta!
É tempo de dizer não!
E que venha o que vier
na mudança anunciada!
Traga a vida o que trouxer,
sempre será outra estrada.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 20 de Janeiro de 2017.
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