(CLAVE DE SUL)
.
Abandono
Só as árvores nuas
a tremerem de frio
no vazio
destas ruas.
Uma folha esvoaça,
derradeira, o fatal movimento,
sem um ai de doído lamento
ante a morte que passa.
Sob o céu enublado,
só a aragem suspira,
resistindo à mentira
do sossego assombrado
Na parede, cansado,
o relógio parado.
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 7 de Setembro de 1996.
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