Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

17 - POEMÁRIO * Abandono


(CLAVE DE SUL) 
Abandono 




Só as árvores nuas 

a tremerem de frio 

no vazio 

destas ruas. 



Uma folha esvoaça, 

derradeira, o fatal movimento, 

sem um ai de doído lamento 

ante a morte que passa. 



Sob o céu enublado, 

só a aragem suspira, 

resistindo à mentira 

do sossego assombrado 



Na parede, cansado, 

o relógio parado. 





José-Augusto de Carvalho 
Lisboa, 7 de Setembro de 1996.

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