TEMPO DE SORTILÉGIO
*
O derradeiro mito
O Sol declina morno --- fim de tarde.
É tempo de vindimas --- cheira a mosto.
Há um rubor sagrado no teu rosto.
Teu corpo abandonado dá-se e arde.
Prosterno-me a teus pés e sou um círio
que um sacrifício de alma e luz consome.
Meus lábios balbuciam o teu nome
que dulcifica o fel do meu martírio...
Eu sei que vou morrer assim por ti.
Que dádiva dos deuses mereci
de em fumo me cumprir --- de ser o eleito!
Que importa agora quanto foi escrito?
Seremos nós o derradeiro mito...
...este princípio e fim mais que perfeito!
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, Dezembro de 2019.
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