Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

domingo, 22 de dezembro de 2019

17 - POEMÁRIO * O derradeiro mito

TEMPO DE SORTILÉGIO
*
O derradeiro mito


O Sol declina morno --- fim de tarde.
É tempo de vindimas --- cheira a mosto.
Há um rubor sagrado no teu rosto.
Teu corpo abandonado dá-se e arde.

Prosterno-me a teus pés e sou um círio
que um sacrifício de alma e luz consome.
Meus lábios balbuciam o teu nome
que dulcifica o fel do meu martírio...

Eu sei que vou morrer assim por ti.
Que dádiva dos deuses mereci
de em fumo me cumprir --- de ser o eleito!
 
Que importa agora quanto foi escrito?
Seremos nós o derradeiro mito...
...este princípio e fim mais que perfeito!
 

 
José-Augusto de Carvalho 
Alentejo, Dezembro de 2019.

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