É quando a morte chega à Feira das Vaidades
que ganha nitidez a nossa condição.
É quando o sal amarga e queima as veleidades
que a morte nos reduz à nossa dimensão.
É quando a luz do sol, cegando o vaga-lume,
esmaga a pequenez da néscia presunção.
É quando por grasnar chilreio se presume
que uma qualquer lamúria intenta ser canção.
É quando a Lua-cheia incita à tentação
que a noite se revela enleio enamorado.
É quando não há mais varinhas de condão
que o charlatão se quer o príncipe encantado.
É quando já ninguém consegue acreditar
que o verso em armas faz da vida o seu altar.
José-Augusto de Carvalho
In «Da humana condição»
EdiumEditores, Março de 2008
4 comentários:
Enquanto existirem "astros que nunca se rendem/aos tentáculos do anoitecer", acontecem sonetos belíssimos como este e a literatura não deixará de ser o espaço da utopia.
Parabéns, José-Augusto de Carvalho, pela sua Poesia tecida de denúncia, inquietude, ânsia de mais... Ela é necessária e urgente. Cada vez mais. Poesia não serve para entreter. E, como disse Jerónimo Sardinha, "se dermos tempo ao tempo, chegará uma altura em que não haverá mais tempo".
Um abraço
Maria João Oliveira
Enquanto existirem "astros que nunca se rendem/aos tentáculos do anoitecer", acontecem sonetos belíssimos como este e a literatura não deixará de ser o espaço da utopia.
Parabéns, José-Augusto de Carvalho pela sua Poesia tecida de denúncia, inquietude, ânsia de mais... Ela é necessária e urgente. Cada vez mais. Poesia não serve para entreter. E, como disse Jerónimo Sardinha, "se dermos tempo ao tempo, chegará uma altura em que não haverá mais tempo".
Um abraço
Maria João Oliveira
venha participar em www.luso-poemas.net
vai adorar e nós ficaremos honrados com a sua presença!
Muito bom.
tomei a liberdade de incluir-te entre as minhas indicações.
Abraço
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