A questão dos feriados não poderá ser analisada com a leviandade que se anuncia e que prefigura uma ameaça grosseira à memória colectiva de um povo.
--- O 5 de Outubro não assinala, apenas, a implantação da República(1910); assinala, também, tanto quanto sei, a independência, no recuado século XII (1143);
--- O 1º. de Dezembro (de 1640) assinala a recuperação da independência perdida e não constitui qualquer afronta a Espanha;
--- O 14 de Agosto (de 1385), que deveria ser feriado e não é, vá lá a gente entender o porquê de tamanha desconsideração, assinala a manutenção da nossa condição de país independente;
--- O 10 de Junho assinala Camões e a pátria imortalizada n'Os Lusíadas;
--- O 25 de Abril (1974) assinala a recuperação da dignidade perdida.
Que querem matar, afinal?
Os nossos maiores coram de vergonha! É esta afronta que devemos ao seu denodo e à nossa identidade?
Indignado, aqui fica meu protesto.
José-Augusto de Carvalho
Viana (Évora)
Importante: Não se incluem no texto acima os feriados internacionalmente consagrados: o 1º. de Janeiro, o 1º. de Maio e o 25 de Dezembro, na certeza, se é que vivemos em tempo de certezas, de que não serão objecto de represália.
Nota: Desenho de José Dias Coelho, assassinado pela PIDE, n década de sessenta do século XX.
Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
06 - ROMANCEIRO * O muro
Pedra a pedra, levantas o muro.
Tanto assim a discórdia apetece?
Deste lado do muro, depuro
cada dia que a vida amanhece.
Pinceladas de cor e feitiço
das manhãs a florir madrigais
na menina que atreve um derriço
e se esconde a mentir os seus ais…
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
Meio-dia! No sino da Igreja,
badaladas precisam as horas.
Uma açorda fumega na mesa.
Faltas tu! Por que tanto demoras?
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
Pela tarde, sufoca o braseiro
deste sol que encandeia e nos cresta.
Arrojado, quem é o primeiro
a gritar que este rumo não presta?
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
Num altar de esperança exaltante,
é a vida que grita e palpita
contra as iras do vento ululante
e bandeiras de fúria e vindicta…
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
pedra a pedra, levantas o muro…
José-Augusto de Carvalho
25 de Novembro de 2011.
Viana*Évora*Portuga
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
06 - ROMANCEIRO * Estes caminhos
Conheço ainda todos os caminhos
que cruzam estes campos malamados.
Aqui, eram mais densos os montados
e neles o temor fazia os ninhos…
Além, as limpas abrem horizontes
que foram já de pão e dura faina.
Ainda, abandonados, ermos montes
resistem ao torpor que não amaina.
No inverno, venta rijo e dói o frio.
No estio, o sol requeima sem piedade.
Deambula o tempo como um cão vadio
que, dócil, nem da fome já se evade…
E eu fico perguntando-me, obstinado,
que espero, aqui, inútil e parado?
José-Augusto de Carvalho
25 de Novembro de 2011.
Viana*Évora.Portugal
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
terça-feira, 22 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
08 - CIDADANIA * A Crise
A lucidez é tanto mais necessária quanto mais difíceis são os tempos que vivemos. E difíceis são estes tempos! Os meios de comunicação social --- jornais, revistas, radiodifusão e radiotelevisão --- não nos dão tréguas. O diagnóstico está definido: crise!
E os responsáveis pela governação decidem enfrentá-la com medidas de grave austeridade: salários congelados; agravamento de impostos; perda de direitos; extinção de garantias, etc. Uma barbaridade!
Dizem alguns destes responsáveis ou seus afins que vivemos acima das nossas possibilidades e que é urgente corrigir tais excessos. Será assim?
Vejamos:
1- é reconhecido que mais de dois milhões de cidadãos vivem abaixo do limiar da pobreza;
2- é reconhecido que o desemprego vai nos 12% e com tendência para subir;
3- é sabido que o salário mínimo nacional é de 485 euros mensais;
4- diz o Instituto Nacional de Estatística, se a memória me não atraiçoa, que o salário médio é de 700 euros mensais.
Ponderando quanto antecede, quem vive, em Portugal, acima das suas possibilidades? Os dados objectivos demonstram estarmos perante uma falácia. Falácia mais grave por provir da área de quem tem a responsabilidade de determinar o nosso caminho colectivo.
É da sabedoria de todos nós a necessidade de analisar um problema. E essa análise começa por se tentar saber como surgiu e por que surgiu o problema. Causado por algum cataclismo natural ou por alguém? É fundamental conhecer-lhe a(s) causa(s) e, depois, combater-lhe os efeitos.
Um dado adquirido é o de que não foi o Povo Português quem provocou a crise e nem qualquer cataclismo natural. Assim sendo, por que motivo o Povo Português é convocado a pagar por um erro que não cometeu?
Os senhores da governação sabem disto e muito bem, mas a única solução que sabiamente encontram e impõem é a do castigo do inocente, logo a da impunidade do prevaricador.
Na área do Poder e fora dela há quem aponte outros caminhos. Debalde. Uma maioria acrescida, só porque legitimada pelo voto popular, considera legítimo sacrificar o Povo Português. Um desaforo!
José-Augusto de Carvalho
17 de Novembro de 2011.
Viana*Évora*Portugal
sábado, 12 de novembro de 2011
02 - POESIA VIVA * António Machado * EL CRIMEN FUE EN GRANADA
António Machado
Sevilla, 26.7.1875 - Collioure, Francia, 22.2.1939
*****
EL CRIMEN FUE EN GRANADA
* ** A FEDERICO GARCÍA LORCA ***
5.6.1898-18.8.1936
1. El crimen
Se le vio, caminando entre fusiles,
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico
—sangre en la frente y plomo en las entrañas—
... Que fue en Granada el crimen
sabed —¡pobre Granada!—, en su Granada.
2. El poeta y la muerte
Se le vio caminar solo con Ella,
sin miedo a su guadaña.
—Ya el sol en torre y torre, los martillos
en yunque— yunque y yunque de las fraguas.
Hablaba Federico,
requebrando a la muerte. Ella escuchaba.
requebrando a la muerte. Ella escuchaba.
«Porque ayer en mi verso, compañera,
sonaba el golpe de tus secas palmas,
y diste el hielo a mi cantar, y el filo
a mi tragedia de tu hoz de plata,
te cantaré la carne que no tienes,
los ojos que te faltan,
tus cabellos que el viento sacudía,
los rojos labios donde te besaban...
Hoy como ayer, gitana, muerte mía,
qué bien contigo a solas,
por estos aires de Granada, ¡mi Granada!»
3.
Se le vio caminar...
Labrad, amigos,
de piedra y sueño en el Alhambra,
un túmulo al poeta,
sobre una fuente donde llore el agua,
y eternamente diga:
el crimen fue en Granada, ¡en su Granada!
Antonio Machado
terça-feira, 8 de novembro de 2011
08 - CIDADANIA * O Conselho de Estado
Aceitando como exactos os dados obtidos em consulta efectuada na Internet, aqui os transcrevo:
REGIMENTO DO CONSELHO DE ESTADO
CAPÍTULO I
Natureza e composição
Artigo 1.º
(Definição)
O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República.
Artigo 2.º
(Composição)
O Conselho de Estado é presidido pelo Presidente da República e composto pelos seguintes membros:
a)- O Presidente da Assembleia da República;
b)- O Primeiro-Ministro;
c)- O Presidente do Tribunal Constitucional;
d)- O Provedor de Justiça;
e)- Os presidentes dos governos regionais;
f)- Os antigos presidentes da República eleitos na vigência da Constituição que não hajam sido destituídos do cargo;
g)- Cinco cidadãos designados pelo Presidente da República pelo período correspondente à duração do seu mandato;
h)- Cinco cidadãos eleitos pela Assembleia da República, de harmonia com o princípio da representação proporcional, pelo período correspondente à duração da legislatura.
Não considero passíveis de contestação os textos das alíneas a a f.
Quanto à alínea g, permito-me discordar das opções presidenciais, as quais, na minha modesta opinião de cidadão, deveriam contemplar representações das Centrais Sindicais e Associações Patronais, pela relevância nacional que se lhes reconhece.
Quanto à alínea h, não consigo entender como não estão representados no Conselho de Estado todos os Partidos com assento parlamentar. E porque as ausências que se verificam decorrem da votação dos Partidos maioritários, fica claro que estes se permitem excluir os demais do Conselho de Estado como se este fosse propriedade sua.
Os meus cumprimentos.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 8 de Novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
08 - CIDADANIA * Posição
A minha identificação incondicional com o Homem de todas as latitudes, independentemente do credo, da cor, da raça, não me cerceia o dever de dignificar a minha condição de cidadão português e a língua portuguesa.
Serei modesto em conhecimentos, eu sei. Nem estou aqui pretendendo competir nesse campo ou noutros e muito menos pretendendo ensinar seja o seja. Estou aqui, sim, para verberar todos aqueles que supõem ter o poder de impor, em Portugal, qualquer língua estrangeira como meio de comunicação nacional.
Dizia o Poeta Fernando Pessoa: «A minha pátria é a língua portuguesa.» E eu subscrevo, sem reservas, esta sua afirmação, não por ser dele, mas por a considerar certa.
E esta minha postura em nada colide com a aprendizagem de outras línguas, aliás bem necessária nestes tempos de hoje. Atribuir-me tamanho desaforo é confundir as coisas. Evidentemente que há responsáveis por esta tentativa de menorização da língua portuguesa, a começar por alguns políticos, alguns comentadores e por aí adiante…Muitos homens grados do passado, de Luís de Camões ao padre António Vieira, por exemplo, se revolverão no túmulo, indignados. E também, no presente, muitos homens de mérito corarão de vergonha. Sei não estar sozinho ao subescrever estas linhas.
José-Augusto de CarvalhoDizia o Poeta Fernando Pessoa: «A minha pátria é a língua portuguesa.» E eu subscrevo, sem reservas, esta sua afirmação, não por ser dele, mas por a considerar certa.
E esta minha postura em nada colide com a aprendizagem de outras línguas, aliás bem necessária nestes tempos de hoje. Atribuir-me tamanho desaforo é confundir as coisas. Evidentemente que há responsáveis por esta tentativa de menorização da língua portuguesa, a começar por alguns políticos, alguns comentadores e por aí adiante…Muitos homens grados do passado, de Luís de Camões ao padre António Vieira, por exemplo, se revolverão no túmulo, indignados. E também, no presente, muitos homens de mérito corarão de vergonha. Sei não estar sozinho ao subescrever estas linhas.
4 de Agosto de 2011.
Viana*Évora*Portugal
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