Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

08 - CIDADANIA * A Crise


A lucidez é tanto mais necessária quanto mais difíceis são os tempos que vivemos. E difíceis são estes tempos! Os meios de comunicação social --- jornais, revistas, radiodifusão e radiotelevisão --- não nos dão tréguas. O diagnóstico está definido: crise!


E os responsáveis pela governação decidem enfrentá-la com medidas de grave austeridade: salários congelados; agravamento de impostos; perda de direitos; extinção de garantias, etc. Uma barbaridade!


Dizem alguns destes responsáveis ou seus afins que vivemos acima das nossas possibilidades e que é urgente corrigir tais excessos. Será assim?


Vejamos:


1- é reconhecido que mais de dois milhões de cidadãos vivem abaixo do limiar da pobreza;


2- é reconhecido que o desemprego vai nos 12% e com tendência para subir;


3- é sabido que o salário mínimo nacional é de 485 euros mensais;


4- diz o Instituto Nacional de Estatística, se a memória me não atraiçoa, que o salário médio é de 700 euros mensais.


Ponderando quanto antecede, quem vive, em Portugal, acima das suas possibilidades? Os dados objectivos demonstram estarmos perante uma falácia. Falácia mais grave por provir da área de quem tem a responsabilidade de determinar o nosso caminho colectivo.


É da sabedoria de todos nós a necessidade de analisar um problema. E essa análise começa por se tentar saber como surgiu e por que surgiu o problema. Causado por algum cataclismo natural ou por alguém? É fundamental conhecer-lhe a(s) causa(s) e, depois, combater-lhe os efeitos.


Um dado adquirido é o de que não foi o Povo Português quem provocou a crise e nem qualquer cataclismo natural. Assim sendo, por que motivo o Povo Português é convocado a pagar por um erro que não cometeu?


Os senhores da governação sabem disto e muito bem, mas a única solução que sabiamente encontram e impõem é a do castigo do inocente, logo a da impunidade do prevaricador.


Na área do Poder e fora dela há quem aponte outros caminhos. Debalde. Uma maioria acrescida, só porque legitimada pelo voto popular, considera legítimo sacrificar o Povo Português. Um desaforo!




José-Augusto de Carvalho
17 de Novembro de 2011.
Viana*Évora*Portugal