Não mais, Abril, serás um simples mês
de um qualquer ano, em maquinal vaivém
de fatal movimento planetário!
Padrão moderno, assim te quis e fez,
repulsa do sarcasmo e do desdém,
o braço instante, estreme e voluntário.
O Tempo em tantos tempos derivado
cumpriu-se no caminho percorrido1
O lenho que deu mar ao mar que havia
voltou ao pátrio solo definido
e o rústico pinheiro, transformado,
ganhou raízes novas em Leiria!
De ciclo em ciclo, o tempo imaginário,
caminheiro, desvenda e traça rumos
e sempre um novo azul fecunda e gera.
Abril é deste tempo asserto e prumos!
Abril será o tempo necessário,
diverso ciclo, a mesma primavera!
José-Augusto de Carvalho
In “Sortilégio”, Lisboa, 1986
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