Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sábado, 1 de setembro de 2018

02 - POESIA VIVA * Tempo clandestino


TEMPO REBELADO
Tempo clandestino 


Para todos aqueles que se deram na luta 
contra o fascismo, no rigor da clandestinidade. 




As ruelas de terra batida 

ocultaram a minha partida. 


O negrume da noite tragou-me 

numa cúmplice fuga. 

Uma sombra furtiva e sem nome 

que do rosto uma lágrima enxuga. 


Em redor, o silêncio pesado 

dos malteses do medo e do espanto 

e os rafeiros rosnando ao cajado 

que à distância mantém o levanto. 


Chego, enfim, à estrada deserta. 

Doravante, o caminho é obscuro. 

E assim vou, de sentidos alerta… 

E assim vou esventrando o futuro… 



José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 18 de Março de 1997.

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