TEMPO REBELADO
*
Tempo clandestino
Para todos aqueles que se deram na luta
contra o fascismo, no rigor da clandestinidade.
As ruelas de terra batida
ocultaram a minha partida.
.
O negrume da noite tragou-me
numa cúmplice fuga.
Uma sombra furtiva e sem nome
que do rosto uma lágrima enxuga.
.
Em redor, o silêncio pesado
dos malteses do medo e do espanto
e os rafeiros rosnando ao cajado
que à distância mantém o levanto.
.
Chego, enfim, à estrada deserta.
Doravante, o caminho é obscuro.
E assim vou, de sentidos alerta…
E assim vou esventrando o futuro…
*
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 18 de Março de 1997.
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