Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

sábado, 1 de setembro de 2018

17 - POEMÁRIO * Os tempos velhos


CLAVE DE SUL 
.
Os Tempos Velhos 

O “Pulo do lobo”, 
no nosso muito amado Odiana. 
Foto Internet, com a devida vénia. 



Uma mancha de arvoredo…
Treme o caminho de medo!
.
Um grito de raiva corta
o silêncio do montado.
Quem supunha a noite morta
neste sossego assombrado? 



II 

Numa janela da aldeia
tremeluz uma candeia…
.
Que sombra furtiva passa,
tragada pela escuridão?
Há um silêncio de ameaça
que perturba a solidão. 



III 

Andam malteses a monte
nas terras sem horizonte!
.
Soam secos estalidos…
navalhas de ponta e mola!
Há abafados ruídos
de passos que a lama atola… 



IV 

Cicatrizes purpurinas
de balas de carabinas!
.
Homens de pele trigueira,
curtida pelo relento!
Aventuras de fronteira
e entregas sem juramento…
.
Nos beijos livres da noite,
sangram flores do laranjal!
Que amor na sombra se acoite,
na pureza natural… 




O medo, o medo guardando
no arrojo do contrabando!
.
Malteses de olhos sombrios
assumindo a perdição
de ousios e desvarios
que lhes levedam o pão! 


Uma sombra no arvoredo…
Treme o caminho de medo! 



José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 5 de Setembro de 1996
Alentejo, revisto em 7 de Maio de 2016

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