Noutros tempos, quando se estava em aflição, bradava-se: Aqui d'El Rei!
Mais recentemente, brada-se: Oh, da guarda!
Hoje, eu prefiro gritar por socorro.
Claro está que este povo anda, desde sempre, gritando por socorro. E de pouco lhe vale, pois brada no deserto. Ninguém o ouve. Posto isto, sei muito bem que o meu pedido de socorro se perderá no vazio. Mas vou gritando... É uma postura que em nada altera o pântano.
Viana do Alentejo está deficientemente servida de transportes públicos. A estação de Caminhos de Ferro, a quase quatro quilómetros de distância da vila, está desactivada. A estação da CP de Vila Nova da Baronia é a que actualmente a serve. É uma distância de seis quilómetros. Sempre que necessito de usar o comboio, terei de me deslocar de taxi. É este o panorama ferroviário.
O tansporte rodoviário existe, mas apenas de segunda a sexta-feira. Logo, quem necessitar de se deslocar aos sábados, domingos e feriados terá de ir a Vila Nova da Baronia, de taxi, para utilizar o comboio.
Não se vislumbra qualquer alteração no mal-servir da população. A autarquia nada faz para minimizar estas dificuldades. E assim vamos, neste pântano.
Como disse e, agora, reitero, sei muito bem que estou bradando no deserto. Os bem instalados rejubilam. Os mal instalados que se danem!
Como muito bem disse George Orwell, somos todos iguais, mas há sempre uns mais iguais do que outros.
E foi para este pântano que tantos lutaram e morreram?
Os cravos de Abril estarão irremediavelmente murchos?
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
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