O senhor Henrique Fialho publicou, em 13 de Setembro de 2005, a sua apreciação crítica sobre a colectânea de poemas que foi editada, sob o título «A instante nudez», pela Editorial Escritor, Lda., também nesse ano de 2005. Além da crítica, teceu considerações outras sobre o editor senhor Leonardo de Freitas e sobre o artista plástico senhor Jorge Vieira: «(...) a Editorial Escritor, de Leonardo de Freitas, deveria merecer a nossa consideração - pela persistência, pela obstinação, pelo esforço. Tudo vem por água a baixo quando nos brinda com orfeus de terracota (...)».
Sobre a crítica, nada tenho a dizer. Apenas desejo que o «bom deus» a que alude lhe perdoe, se puder... porque, certamente, haverá «pecados» que nem um «bom deus» consegue remir. Enfim, cada um é responsável por aquilo que diz. E, já agora, e salvaguardando as devidas proporções, Homero teve Zoilo, eu tenho o senhor Henrique Fialho, das Caldas da Rainha.
Quanto às considerações outras a que se permitiu, aos visados competirá dizerem de sua justiça.
Relativamente a Lénine e Brecht, que não serão pessoas da estima do senhor Henrique Fialho, socorro-me da frase de um camponês da minha vizinha Cuba: «Olhe, menino, sabe o que lhe digo? Não lhe digo nada!...»
Os poetas Xavier Zarco e João de Sousa Teixeira decidiram opinar sobre os dizeres do senhor Henrique Fialho e sobre o livro «A instante nudez». A estes companheiros de jornada agradeço a disponibilidade para a defesa deste meu livro.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo, 6 de Abril de 2008.
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1 comentário:
Caro José-Augusto de Carvalho, as ilações que alguém retira de um texto ficam, obviamente, com quem as retira. Permita-me, no entanto, esclarecer alguns pontos do meu post ao qual se refere nesta sua reacção tardia. Não teci quaisquer considerações sobre Jorge Vieira. Ao referir-me a “orfeus de terracota” o tom é obviamente irónico. Referia-me à sua poesia, e não ao artista plástico Jorge Vieira. Quanto ao editor Leonardo de Freitas, corrijo-me: não deveria merecer, mas merece-me, de facto, toda a consideração. Mas essa consideração é, sem dúvida, abalada na presença de um volume de poemas que nada me diz (ignorância minha, certamente). O meu post não pretende ser uma crítica, é antes o desabafo de um leitor, algo que, nos tempos que correm, até deveria ser saudado, não só pela possível manifestação de livre opinião (é a chamada liberdade de expressão no seu magnífico esplendor), mas também por serem tão poucos os leitores de poesia, menos ainda aqueles que se dão ao trabalho de divulgarem livros de versos. Mais acrescento que Brecht é leitura cá de casa e Lenine homem de guerras que admiro mais do que possa imaginar, mas precisamente por admirar tais guerras habituei-me a conviver bem com a diversidade de opiniões, de perspectivas e a, quanto a mim muito saudável, divergência política, estética, cultural, religiosa, etc. Quem coloca um livro na praça, suponho, deverá estar, no mínimo, preparado para essa divergência. Eu comprei o seu livro, li-o, não gostei dele e manifestei-o livremente. Haverá algo de errado nisso? Não devemos todos aprender, de uma vez por todas, a conviver com essa liberdade? Pior seria que os livros fossem proibidos, censurados, atirados para a fogueira, pior seria que os seus autores fossem encarcerados, mandados para campos de concentração, torturados, deportados, exilados, impedidos de manifestarem o seu mais elementar direito enquanto seres humanos: a liberdade de pensamento. Os seus poemas nada me disseram, o que fica patente ao afirmar que neles tudo me «cheira a mofo, já visto, arroto panfletário, servilismo bacoco, ainda que o labor da cantoria ande às voltas com a insubmissão, a resistência, a recusa, a militância, o humanismo de punho em riste». Que eles digam muito a outros leitores, é o que, sem qualquer ironia ou cinismo, espero e desejo. Cumprimentos,
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