Pedra a pedra, levantas o muro.
Tanto assim a discórdia apetece?
Deste lado do muro, depuro
cada dia que a vida amanhece.
Pinceladas de cor e feitiço
das manhãs a florir madrigais
na menina que atreve um derriço
e se esconde a mentir os seus ais…
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
Meio-dia! No sino da Igreja,
badaladas precisam as horas.
Uma açorda fumega na mesa.
Faltas tu! Por que tanto demoras?
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
Pela tarde, sufoca o braseiro
deste sol que encandeia e nos cresta.
Arrojado, quem é o primeiro
a gritar que este rumo não presta?
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
Num altar de esperança exaltante,
é a vida que grita e palpita
contra as iras do vento ululante
e bandeiras de fúria e vindicta…
E negando arrebois ao futuro,
pedra a pedra, levantas o muro…
pedra a pedra, levantas o muro…
José-Augusto de Carvalho
25 de Novembro de 2011.
Viana*Évora*Portuga
1 comentário:
uma névoa de tristeza envolta em grande beleza.
Bjs
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