Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

08 - CIDADANIA * Os feriados

A questão dos feriados não poderá ser analisada com a leviandade que se anuncia e que prefigura uma ameaça grosseira à memória colectiva de um povo.

--- O 5 de Outubro não assinala, apenas, a implantação da República(1910); assinala, também, tanto quanto sei, a independência, no recuado século XII (1143);
--- O 1º. de Dezembro (de 1640) assinala a recuperação da independência perdida e não constitui qualquer afronta a Espanha;
--- O 14 de Agosto (de 1385), que deveria ser feriado e não é, vá lá a gente entender o porquê de tamanha desconsideração, assinala a manutenção da nossa condição de país independente;
--- O 10 de Junho assinala Camões e a pátria imortalizada n'Os Lusíadas;
--- O 25 de Abril (1974) assinala a recuperação da dignidade perdida.
Que querem matar, afinal?
Os nossos maiores coram de vergonha! É esta afronta que devemos ao seu denodo e à nossa identidade?
Indignado, aqui fica meu protesto.


José-Augusto de Carvalho
Viana (Évora)

Importante: Não se incluem no texto acima os feriados internacionalmente consagrados: o 1º. de Janeiro, o 1º. de Maio e o 25 de Dezembro, na certeza, se é que vivemos em tempo de certezas, de que não serão objecto de represália.
 
Nota: Desenho de José Dias Coelho, assassinado pela PIDE, n década de sessenta do século XX.

1 comentário:

Conceição Paulino disse...

dizes bem, amigo. Hoje passam /passaram 76 anos da morte de Fernando Pessoa. O seu/nosso 5º império, que seria o da cultura está a ser mutilado, perdemos os valores históricos, os culturais estão domesticados à cultura dominante (pela força do $ e disseminação que este permite), nós, cidadãos somos vistos, por quem nos governa, como peões de um jogo (viciado)que nos transforma em "tetas de vaca" onde podem sempre ir buscar mais uns dinheiros espremendo-nos até ao esqueleto. A esta hora Camões, Fernando Pessoa e tantos outros, no Olimpo das artes e filosofia, olham envergonhados.
Bjs