(O MEU RIMANCEIRO)
A estrada…
Quando se nasce, inventa-se uma estrada.
É uma estrada aberta, passo a passo,
mesclada de ansiedade e de cansaço,
que dura enquanto dura a caminhada.
Das flores e gorjeios infantis
à moça idade idílica de enleios
que frustrações, que angústias, que receios
o sol maculam dum devir feliz?
Mais tarde, o céu se nubla e o vento agreste
ensaia a sua dança de procelas.
As portas rangem, rangem as janelas,
de fumo negro a chaminé se veste.
Dezembro traz no manto saturnal
as prendas e as oníricas miragens.
O mito novo traz, noutras roupagens,
a derradeira prenda… a de natal…
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 12 de Maio de 2018.
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