O MEU RIMANCEIRO
(Que viva o cordel!)
*
Da barbárie...
Atroam as trombetas e os tambores.
Solícitos, com destemor, acorrem
os bélicos actores:
uns matam, outros morrem.
Imposta a causa, agora definidos
os trágicos efeitos:
os insepultos corpos dos vencidos
e o júbilo em desfile dos eleitos.
Nas torres de menagem dos castelos
hasteiam-se os pendões de vivas cores:
são verdes e vermelhos e amarelos.
Ufanos, rufam-rufam os tambores.
A noite cai, alheia ao desvario.
Desdobra-se um silêncio de mortalha.
Um mocho lança um agoirento pio
que sobre os mortos lúgubre se espalha.
Não mais “honra aos vencidos”.
Palavras velhas de idos estertores
são símbolos banidos.
Que glória aos vencedores?
Se um justo não perdoa, mas aplica
as normas da Justeza e da razão,
merece punição quem edifica
um ser e estar da vida em negação.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 19 de Março de 2018.
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