O MEU RIMANCEIRO
(Que viva o Cordel!)
*
Pão salgado
É assim o dia a dia:
todos iguais, nada muda!
É uma monotonia
ou é um “Deus nos acuda”?
Não sei bem por que razão
se espera que os outros tragam
a mezinha ou a unção
para os males que nos chagam…
Esperar um salvador
é do domínio da crença,
mas viver, seja onde for,
a nossa acção não dispensa.
Quem quer isto ou quer aquilo,
lute para o conquistar;
ficando alheio e tranquilo,
não tem por que protestar?
Se alguém não fizer por mim
o que por mim nem eu faço,
como posso achar ruim
sofrer o mau por que passo?
Só quem come o pão suado
sabe o gosto que o pão tem!
Pão pelo suor salgado
nunca fez mal a ninguém.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 2 de Março de 2018.
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