Chega-me de Espanha, disfarçado de humor, este diálogo insólito de mãe e filha menor.
Pede a menina:
Mãe, antes de eu adormecer, lê-me um artigo da nossa Constituição política.
Responde a mãe:
Não, minha filha, porque, depois, tu sonhas...
Lá como cá, o mesmo desencanto...
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 22 de Fevereiro de 2013.
Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
08 - CIDADANIA * Crónica de um dia sem história
O Largo
Hoje, desci ao Largo. Sim, também eu tenho um Largo. Não é, seguramente, o Largo de que o Manuel (da Fonseca) nos fala e que era o centro do mundo. Este meu, mais modesto, é, apenas, o centro do meu povoado.
Neste meu Largo, está sempre um homem olhando em frente. Alheado das árvores que o circundam, olha em frente. Fixamente. Tentará, porventura, desvendar as novas e os mandados que virão.
Fica indiferente às conversas que escuta, tal como à chuva que o molha, ao frio e ao calor que já não poderão incomodá-lo.
Um ou outro, mais velho, fala dele como de um passado morto. Interiormente, sorri. O passado não morreu. O passado é a raiz, as fases diversas sobre que assenta o presente. O presente à espera do futuro. O passado é ontem; o presente é hoje; o futuro é amanhã.
Do passado nos chega a sentença: quem boa cama fizer, nela se há-de deitar.
Como dizia, desci ao Largo. Hoje. Hoje deveria ser um dia especial, deveria ser mas não é. Mais exactamente, não vi que fosse.
Em derredor do homem sempre presente, havia diversas pessoas, cavaqueando. Também um carro de som, tentando animar o ambiente com banalidades pseudo-desportivas.
Senti-me defraudado. De dia especial, nada vi. Regressei a casa. Olhei a estante onde arrumo alguns livros. Lá estavam Os Lusíadas. Melancolicamente, recordei: Esta é a ditosa pátria, minha amada!
Pois…
José-Augusto de Carvalho
10 de Junho de 2011.
Viana*Évora*Portugal
08 - CIDADANIA * Se...
Se eu me apresentasse a sufrágio, três interrogações me colocaria:
1ª.- Serei eu um candidato esperado pelos meus concidadãos?
2ª.- O que esperarão de mim os meus concidadãos?
3ª.- O que poderei prometer (para cumprir) aos meus concidadãos?
Depois destas interrogações, outras três me colocaria:
1ª.- Que colectivo irei eu integrar?
2ª.- Quais os recursos disponíveis para ponderar o êxito da tarefa?
3ª.- Quais os recursos outros a desenvolver?
E depois destas, ainda mais cinco interrogações me colocaria:
1ª.- Que prioridades exige a população?
2ª.- Que necessidades mais urgentes a debelar?
3ª.- Como motivar a população para participar no seu bem-estar?
4ª.- Como motivar a população para o desenvolvimento da comunidade?
5ª.- Como motivar a população a participar na "res publica"?
Uma candidatura é um desafio. E desse desafio é parte maior a entrega sem limites ao dever de servir e de cumprir.
Uma candidatura pressupõe ainda a existência de um projecto, o qual determina, para além da gestão corrente, a criatividade, o desenvolvimento, o rigor na defesa da identidade colectiva e a superação do Presente rumo ao Futuro.
Assim seria se eu me apresentasse a sufrágio.
Será uma hipótese remota, mas a Vida ensina-nos a nunca dizer nunca. Hipótese seguramente remota porque nem eu luto por isso nem os meus concidadãos; mas esta realidade objectiva não poderá jamais impedir-me de expressar o que penso, hoje, e o objectivo por que me bateria.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
08 - CIDADANIA * Evocando Camões
Oxalá saibamos libertar o nosso
PoetaMaior
da angústia que levou para o
túmulo...
Não mais, Musa, não mais a lira que
tenho
Destemperada e a voz enlouquecida.
E não do canto, mas de
ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com
que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está
metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil
tristeza.
Luís Vaz de Camões
(Os Lusíadas,
Canto X, 145).
publicado por Do-verbo às 17:21
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
08 - CIDADANIA * Considerações cívicas
Na minha modesta intervenção cívica, sempre me inseri na força do colectivo, bem ciente da verdade que encerra a parábola dos vimes.
Acredito na decisão que decorre do confronto das perspectivas várias que se nos deparam quando analisamos um problema e buscamos solucioná-lo racionalmente.
Muitas vezes, foi vencida a perspectiva que apresentei; algumas vezes, saiu vencedora. Nada de importante, porque estava em causa encontrar uma solução e não a alimentação estreita de um qualquer ego igualmente estreito.
Ultrapassei barreiras, algumas com a satisfação do dever cumprido; outras com a recusa de enveredar por caminhos que não são nem nunca foram os meus.
Hoje, remetido ao meu cantinho doméstico, vejo com apreensão o presente e o futuro, tal como vi apreensivamente o passado mais ou menos recente. Muito se poderia ter feito e não se fez; muito há a fazer e não consigo vislumbrar condições para cooperar.
Hoje, campeia a presunção de vencer eleições. Para quê? A resposta das populações é visível no seu desencanto e no seu afastamento da res publica. Mais, bastará atentar no partido das abstenções e no partido dos votos em branco e dos votos nulos, ambos em crescimento preocupante.
Onde as propostas construtivas e credíveis para erguer colectivamente uma estrutura social sustentada e sustentável e com as garantias possíveis de progressão quantitativa e qualitativa?
Onde a recusa de rendas e prebendas ao arrepio duma situação deplorável de baixos rendimentos, de carências sociais degradantes?
Onde as acções supletivas, privilegiando o fundamental e preterindo o acessório?
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
12 de Novembro 2012
08 - CIDADANIA * A nossa vida
Falando da vida que nos impõem, não da vida que gostaríamos de ter e não soubemos escolher.
Foto utilizada com a devida
vénia de Produções HUMORDATRETA
Convém que o povo não perceba o sistema bancário e monetário, pois, se percebesse, acredito que haveria uma revolução antes de amanhã de manhã.
Henry Ford - 1922
E tudo isto depois de tantos alertas, dos quais cito este, de 1922. E H.F. bem sabia do que falava!
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
21 de Outubro de 2012.
08 - CIDADANIA * O Povo é quem mais ordena!
Lisboa, 29 de Setembro de 2012.
O inesquecível José Afonso está presente no título deste registo e na sua emblemática canção «Grândola, Vila Morena», cantada pelos manifestantes durante mais esta impressionante jornada de luta e de afirmação de cidadania.
*
José-Augusto de Carvalho
30 de Setembro de 2012
Foto
retirada, com a devida vénia, do jornal francês Le Monde, de 30.9.2012
O inesquecível José Afonso está presente no título deste registo e na sua emblemática canção «Grândola, Vila Morena», cantada pelos manifestantes durante mais esta impressionante jornada de luta e de afirmação de cidadania.
*
José-Augusto de Carvalho
30 de Setembro de 2012
08 - CIDADANIA - Posição da CGTP
CGTP-IN ESCLARECE INTERPRETAÇÃO
RELATIVA AOS CORTES
DOS SUBSÍDIOS
As recentes declarações, designadamente do Primeiro-ministro, sobre algumas medidas em discussão na reunião de ontem do Conselho Permanente de Concertação Social, terão provocado alguns erros de interpretação junto da população, que aliás têm solicitado junto da central os respectivos esclarecimentos, considerando por isso a CGTP-IN pertinente e relevante esclarecer.
O Governo está a fazer um jogo de palavras para enganar os portugueses aos quais roubou os subsídios de férias e de natal de 2012.
Quando fala em devolver o Governo mente, porque não vai devolver coisa nenhuma.
O que quer dizer é, simplesmente, que em 2013, pretende sonegar um subsídio, dos dois que tinha decidido retirar e o Tribunal Constitucional anulou por inconstitucionalidade.
Em circunstância alguma o Governo prevê devolver, de facto, os valores roubados aos referidos cidadãos.
Esta é a conclusão da CGTP-IN, pelo que consideramos uma afronta aos trabalhadores que o Governo se permita, a propósito de uma matéria sensível e vital, lançar a confusão e criar falsas expectativas junto dos trabalhadores, reformados e pensionistas, atingidos por tal medida no corrente ano.
O Governo deve esclarecer de forma rigorosa esta questão e abster-se de tais manipulações na tentativa de suavizar as medidas que se prepara para impor nos próximos tempos.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 25.09.2012
*
José-Augusto de Carvalho
27 de Setembro de 2012.
09 - IN MEMORIAM * Luiz Goes
A música portuguesa está de luto:
faleceu, ontem, o Dr. Luiz Goes
Dr. Luiz Goes (1933-2012)
Cantor inesquecível, Poeta e
Compositor inspirado,
transcrevo um dos seus belos poemas:
*
Homem Só, Meu
Irmão
Letra e música: Luiz Goes
Intérprete: Luiz Goes
Tu, a
quem a vida pouco deu,
que deste o nada que foi teu
em gestos
desmedidos...
Tu, a quem ninguém estendeu a mão
e mendigas o pão dos
teus sentidos,
homem só, meu irmão!
Tu, que andas em busca da
verdade
e só encontras falsidade
em cada sentimento,
inventa,
inventa, amigo, uma canção
que dure para além deste momento,
homem só,
meu irmão!
Tu, que nesta vida te perdeste
e nunca a mitos te
vendeste
– dura solidão –,
faz dessa solidão teu chão sagrado,
agarra
bem teu leme ou teu arado,
homem só, meu irmão!
*
Como
doente, tive o privilégio de conhecer o Dr. Luis Goes e de lhe manifestar a
minha admiração.Aqui fica o meu adeus sentido.
José-Augusto de Carvalho
19 de Setembro de 2012.
08 - CIDADANIA * O Conselho de Estado
PORTUGAL DEMOCRÁTICO * Imagem Internert
Cidadão vulgar deste país, a braços com o dia-a-dia da Vida, muitas coisas me escapam. Aqui fica estamea culpa.
Evidentemente que a mea culpa não me absolve do desconhecimento e só releva a minha deficiente condição de cidadão. E é grave, pois quem pode exercer a sua plena cidadania se não estiver de posse de todos os dados que lha permitam?
Considerando a situação político-social que se vive e a informação pública da convocação do Conselho de Estado para o próximo dia 21 de Setembro decorrente, acedi à Página da Presidência da República, inteirando-me da composição do referido Conselho de Estado. Fiquei perplexo ao verificar que nem todos os partidos políticos com representação parlamentar têm assento no Conselho de Estado. Não consigo entender o motivo desta exclusão. E mais, os cidadãos que estão representados na Assembleia da República por estes partidos também não têm voz no Conselho de Estado.
Mas a minha perplexidade não fica por aqui. Por que motivo estão excluidas as Centrais Sindicais e as Associações Patronais? Como entender a exclusão da força motriz do país?
Outras exclusões assinalo: como se justifica a exclusão de Ordens tão directamente ligadas à nossa vida colectiva como são a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos?
Usando do direito à opinião, constitucionalmente consagrado, aqui a deixo.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
19.9.2012
08 - CIDADANIA * Para a História
15 de Setembro de 2012
Dispensam palavras as imagens recolhidas na internet e que reproduzo, aqui , com a
devida vénia.
Parafraseando José Afonso, O Povo saiu à
rua!
Que fique o grito de um
Povo:
Queremos as nossas vidas!
/
16.9.2012
08 - CIDADANIA * Reflexão
Vai distante o tempo em que tínhamos dificuldade na divulgação do nosso pensamento. Poucos tinham acesso a uma coluna de jornal. Hoje, a internet permite-nos ultrapassar facilmente essa dificuldade do passado. Só não tem um blogue quem assim decidir. Evidentemente que um blogue coloca-nos o mesmo problema antigo de uma folha de papel em branco: que escrever e para quem escrever?
Efectivamente, escrever é comunicar. E só há comunicação quando se é lido. Outra vantagem do blogue é a interacção: os comentários dos leitores são a prova provada de que se foi lido. E, aí, o autor do texto estará em condições de avaliar qualitativamente a interacção conseguida.
Outra vantagem acessória do blogue é o contador de visualizações. É importante, pois há muitos leitores que não comentam o que lêem.
Claro que há comentários e comentários, daí o blogue permitir a aprovação dos comentários recebidos. Há quem conteste o direito de aprovação de comentários. Inclusivamente, há quem considere este direito um acto de censura. Não subscrevo esta opinião, designadamente depois de ter lido insultos e desaforos que só colocam mal quem os subscreve. Pior ainda quando são anónimos. O anonimato é uma praga que invadiu os blogues onde se dispensa o direito de aprovação dos comentários.
Quem escreve tem o direito de expressar o seu pensamento; quem lê tem o direito de apreciar o que leu e de manifestar concordância ou discordância, mas sempre com a civilidade consentânea com o princípio que dispõe ser o respeito que devemos a nós mesmos o que determina o respeito pelos outros.
Hoje, a internet permite o diálogo entre pessoas fisicamente muito distantes entre si. Aliás, esta possibilidade já havia chegado com o telefone, no século XIX, mas jamais com a abrangência que a internet possibilita. Esta possibilidade, que tenho aproveitado e muito preciosa tem sido, quero crer que seja um dos caminhos a percorrer na intenção de cotejarmos princípios e valores. A Humanidade é só uma, o planeta é só um. Se bem nos entendermos, a caminhada será mais fácil e a Vida agradecerá.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Setembro de 2012
08 - CIDADANIA * A nostalgia do chefe
Vem de longe a nostalgia do chefe. Hoje, prefere-se usar a palavra inglesaleader ou a sua forma aportuguesada – líder. E é sempre olhada com desconfiança a alternativa da acção partilhada, na assunção, aliás sábia, que nos vem da parábola dos vimes.
Esta nostalgia será reveladora das reminiscências do mito da orfandade?
Ou decorrerá de séculos de menoridade?
Numa retrospectiva histórica, encontramos situações em que o Povo é usado para objectivos que lhe são estranhos; e outras em que, agindo embora como força motriz, cede a orientação a quem não se rege por propósitos iguais ou afins. E tal sempre ocorreu porque foi ludibriado ou porque assume uma incapacidade em se impor que não terá no todo ou em parte. Ora ceder a orientação é aceitar a chefia ou a liderança de outrem.
Historicamente, o Povo foi sempre a parte insignificante da dita civilização. As classes dominantes mimoseavam-no com epítetos degradantes: ralé, arraia miúda, gente baixa, e por aí…
A cidadania ou, melhor, o que se entendia por cidadania, era privilégio recusado ao Povo.
O grande poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956) fixou de forma exemplar o que eu canhestramente tento dizer. Aqui fica, com a devida vénia:
Perguntas de um Operário Letrado
Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China, para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou, Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos.
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias!
Quantas perguntas!
É urgente, é inadiável assumirmos os nossos direitos e os nossos deveres.
Hoje e sempre!
José-Augusto de CarvalhoLisboa, 6 de Setembro de 2012.
08 - CIDADANIA * Serviço Público
RADIOTELEVISÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
-Manual das melhores
práticas-
Independência
editorial
Universalidade
Diferenciação
Diversidade
Informacão
Imparcial
Educação/Instrução
Conhecimento
Coesão
Social
Cidadania
Responsabilidade
Credibilidade
Editado por
Indrajit Banerjee
*
Afinal, quem tem dúvidas sobre o que
seja o serviço público que a RTP deverá ter?
Não andará aqui rabo
escondido com o gato de fora?
Agosto de 2012
08 - CIDADANIA * Sem controvérsia
1919
*
2012
Não se contesta o alerta dos malefícios do alcool e do tabaco,
mas o
fundamentalismo e o assalto à bolsa dos cidadãos.
Agosto de 2012.
08 - CIDADANIA * Controvérsia
Há muitas situações que resistem não pela sua bondade mas por nos termos
habituado a elas, derivando desta habituação a sua permanência. Sabendo embora
que provocarei controvérsia, haverá que agir com determinação e
extirpá-las.
Na toponímia, encontramos algumas dessas situações. Há quem sustente que a substituição na toponímia corresponderá ao apagar da História. Discordo. A toponímia tem a finalidade de homenagear e só se homenageia quem merece. O objectivo da História é outro.
O Poder Político tem quase sempre a fraqueza de homenagear os seus correligionários, numa óbvia perspectiva de facção. Se é verdade, e a História atesta-o, que a vida socio-política é uma sucessão de facções no Poder, não é menos verdade que há figuras acima das facções. Há figuras de todos os tempos merecendo a nossa homenagem, ainda que, aqui e ali, possamos discordar do seu pensamento ou da sua acção.
Outras situações há de evidente inadequação, quer pela sua irrelevância relativa, quer por estranhas à nossa realidade concreta.
Além de figuras pacificamente aceites como nacionais ou internacionais, sustento que cada região (e até cada povoação, porque não?) terá o dever de homenagear a sua gente.
Porque assim entendo, é com mágoa que verifico a ausência de homenagem toponímica de figuras do Alentejo, do nosso concelho e de cada uma das suas freguesias.
Algumas dessas figuras, falecidas há muito, terão caído no esquecimento. Mau caminho é o da perda da memória!
Quero crer que os boletins municipais deveriam encarregar alguém para tanto habilitado de avivar a memória do colectivo, trazendo da penumbra dos tempos as figuras que, pela sua acção, mereçam ser recordadas colectivamente. E, depois desse trabalho, ser ponderada a homenagem toponímica.
Neste como em todos os demais trabalhos que subscrevo, limito-me a usar de um elementar direito de cidadania – o direito de ter e de exprimir opinião.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
18 de Agosto de 2012.
Na toponímia, encontramos algumas dessas situações. Há quem sustente que a substituição na toponímia corresponderá ao apagar da História. Discordo. A toponímia tem a finalidade de homenagear e só se homenageia quem merece. O objectivo da História é outro.
O Poder Político tem quase sempre a fraqueza de homenagear os seus correligionários, numa óbvia perspectiva de facção. Se é verdade, e a História atesta-o, que a vida socio-política é uma sucessão de facções no Poder, não é menos verdade que há figuras acima das facções. Há figuras de todos os tempos merecendo a nossa homenagem, ainda que, aqui e ali, possamos discordar do seu pensamento ou da sua acção.
Outras situações há de evidente inadequação, quer pela sua irrelevância relativa, quer por estranhas à nossa realidade concreta.
Além de figuras pacificamente aceites como nacionais ou internacionais, sustento que cada região (e até cada povoação, porque não?) terá o dever de homenagear a sua gente.
Porque assim entendo, é com mágoa que verifico a ausência de homenagem toponímica de figuras do Alentejo, do nosso concelho e de cada uma das suas freguesias.
Algumas dessas figuras, falecidas há muito, terão caído no esquecimento. Mau caminho é o da perda da memória!
Quero crer que os boletins municipais deveriam encarregar alguém para tanto habilitado de avivar a memória do colectivo, trazendo da penumbra dos tempos as figuras que, pela sua acção, mereçam ser recordadas colectivamente. E, depois desse trabalho, ser ponderada a homenagem toponímica.
Neste como em todos os demais trabalhos que subscrevo, limito-me a usar de um elementar direito de cidadania – o direito de ter e de exprimir opinião.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
18 de Agosto de 2012.
12 - HISTÓRIA * Templários Portugueses
TERÇA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2012.
Santa Maria de "Foxes"
Na época da dita "reconquista", el-Rei D. Afonso I nosso Senhor e Irmão, estando em recuperação nas termas de Lafões por ter sido ferido com gravidade numa perna, declarou oficialmente que "de todo o território que ajudassem a conquistar a sul do Tejo, a terça parte seria propriedade dos Cavaleiros da Ordem do Templo".
Efectivamente algumas praças de guerra foram tomadas no Alentejo com a importante ajuda dos Templários Portugueses.
Em alguns lugares, bem dentro do território ocupado pelos muçulmanos, os Templários atreveram-se a criar uma ou outra Comenda apesar da instabilidade militar que essa ocupação representava.
Essas Comendas permaneceram secretas devido ao tipo de pactos estratégicos existentes entre o Monarca português (com seus Irmãos Templários) e alguns comandantes árabes envolvidos na actividade bélica da região.
Santa Maria de Foxes (lê-se fôches) foi uma dessas comendas secretas.
" O pequeno castelo árabe de Al-Batun com a sua mesquita dentro de muros e envolvido por largos fossos de protecção, foi ocupado por uma força Templária durante 5 anos sem que a sua arquitectura militar ou o seu lugar de culto muçulmano tivesse sido tocado ou alterado. A população árabe, em paz e harmonia, continuou a utilizá-los como se os Cavaleiros do Templo ali não estivessem aquartelados nas dependências mais humildes do castelo.
Ali cultivaram respeito e cortesia.
Ali criaram laços de amizade.
Quando os Templários se retiraram para norte por questões de estratégia administrativa, a população de lágrimas nos olhos disse ao comandante da milícia portuguesa: "Oxalá naõ foxeis".
Sentido, o Comendador Templário assentou no seu livro de guerra o nome da Comenda que deixava para trás com mágoa: "Santa Maria de Foxes".
Significado que pretendeu dar ao nome com a desculpa da presença dos "fossos" que rodeavam e protegiam o castelo mas que mal disfarçadamente deixava revelar o peso daquelas palavras; "Oxalá naõ foxeis".
Deus quisera que não tivésseis de partir...
Da presença da Comenda secreta de Santa Maria de Foxes, ou Foxem, hoje Viana do Alentejo, ficou apenas esta pedra, cabeceira de sepultura de um Cavaleiro Templário Português, adaptada a seteira e visível numa das muralhas reconstruídas do velho castelo árabe de Al-Batun.
Por alguma razão "obscura" estão hoje representados no brasão da Vila dois escudetes com a cruz Templária...
*
Devo informar que estive, há semanas, na Igreja Matriz, acompanhado do meu Amigo Pedro Lopes, licenciado em História. Este meu Amigo observou algumas pedras tumulares e, apontando para uma, disse-me que deveria ser de um cavaleiro templário. Ficámos perplexos, atendendo a que a Igreja data de finais do século XVI. Agora, pelo texto acima transcrito, estará clarificada a situação.
A minha gratidão ao site Templários Portugueses pelos dados aqui transcritos, relevantes para o conhecimento possível do nosso passado enquanto naturais desta vila.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Agosto de 2012.
Em tempo:
آل باطوم (Al-Batun) = Os Campos
08 - CIDADANIA * Burocracia
Burocracia, palavra que nos vem do francês e que poderemos traduzir por força ou poder dos gabinetes. Chegamos lá desta forma: bureau(secretária, escritório, repartição, ministério, junta, estabelecimento público, em francês) e krateía (força, em grego).
Desde há muito, não sei precisar, a palavra burocracia ganhou o significado depreciativo de sistema de rotinas e formalismos de secretaria. Ousemos, de forma livre, entender a burocracia como um modo de agir desligado das múltiplas perspectivas de apreciação que uma realidade dada exige ou poderá exigir.
Algumas vezes, a burocracia cai em situações que poderemos, numa caricatura, definir como um pé ter de se adaptar à forma dum sapato e não, como é óbvio, o sapato ter uma forma adequada para esse mesmo pé. Todos nós, alguma vez, certamente, vivemos ou tivemos notícia deste absurdo.
Evidentemente que a burocracia, no significado corrente que lhe vimos dando, decorre não só da adopção da rotina como sistema de actuação como também da impreparação que encontra defesa nessa mesma rotina.
Já nos recordava Camões, em oportuno soneto, no século XVI:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Quanto antecede, remete-nos para a urgência de quem governa dever estar sempre em permanente sintonia com as aspirações das populações; e se não puder ou não souber agir assim, colherá o fracasso da sua acção e o repúdio dos que quis governar.
Finalizando: se o Poder emana do Povo, como pode o Poder exercer a sua acção ignorando o Povo ou governando contra o Povo?
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
15 de Agosto de 2012.
08 - CIDADANIA * Os arrependidos
É-me sempre penoso ouvir ou ler os arrependidos.
Tenho o desprazer de
conhecer alguns e algumas. Quem não os/as conhece, afinal? Destilam ódio quando
falam ou escrevem, ódio de si mesmos, pois falam de um passado que assumidamente
viveram. Obstinadamente, denigrem as causas que abraçaram e de que se afastaram
ou de que foram afastados.
Comprazem-se em relatar episódios ou situações,
mas sempre em condições de não poderem ser contraditados. Falam dos outros,
esquecendo que ao tempo eram parte integrante desses outros, obviamente com as
mesmas responsabilidades. E a denúncia não os absolve, se é que carece de
absolvição o que dizem e/ou escrevem, desde que conforme com a veracidade e o
rigor.
Claro que a praga dos arrependidos é de sempre. Como é de sempre o
apetite conveniente por ouvi-los ou lê-los.
Outrossim é claro que grassa por
aí um jornalismo que divulga ou dá voz aos arrependidos sem buscar a elementar
comprovação do que permite seja propalado. E assim é conivente no lodaçal da
delação.
É que a questão não passa pela denúncia. Passa sempre,
evidentemente, pela queixa formal a quem de direito. Para tanto, bastará, ao que
suponho saber, uma carta à Provedoria Geral da República ou à Polícia
Judiciária. São estas Entidades Oficiais da República que averiguam as
iniquidades e depois as remetem a Juízo.
Vivemos, desde a vitoriosa Revolução
dos Cravos, num Estado de Direito.
Até sempre!
José-Augusto de
Carvalho
Lisboa, 10 de Agosto de 2012.
08 - CIDADANIA * Asnocracia
Diz quem sabe ter o Homem alcançado a posição de Rei da Criação devido à superior capacidade do seu intelecto. Também assim sempre entendi.
Daí ter ficado perplexo quando me chegou a imagem que divulgo.
Será esta foto a ilustração duma situação insólita e sem outras consequências que não a de provocar uns sorrisos complacentes?
Ou será que estamos chegando a uma etapa nova da História - a da implantação da Asnocracia?
Como se diz num jogo de azar, eu pago para ver...
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Julho de 2012
08 - CIDADANIA * Eles!...
Eles!... Quem não se lembra de ser assim que o Povo se referia aos governantes do autoproclamadoEstado Novo? A utilização deste artigo pessoal forma de sujeito revelava a sua recusa evidente a tratar pelos nomes os governantes de então.
Eram outros tempos, só vividos pelos mais velhos. Hoje, a maioria da população não era nascida ainda ou seria nova de mais para ter consciência daquela realidade.
A História daquele regime está feita, por isso não me irei deter na narração de episódios que vivi ou de que tive conhecimento em tempo real. Apenas me importa referir, agora, o regresso doeles. E tal regresso corresponderá ao desagrado que o Povo manifesta pelos governantes.
Hoje, Portugal vive em Democracia. O Povo tem liberdade de expressão e escolhe livremente os seus governantes desde a Junta de Freguesia à Presidência da República. É uma democracia limitada, todos nós o sabemos, porque há objectivos ainda não alcançados -- o direito pleno à Saúde, ao Trabalho, à Habitação, a uma vida digna e sustentada, à Justiça, à Segurança, etc.
Ora não é a democracia limitada que vivemos hoje que desagrada ao Povo, mas a perda da esperança de que a situação evolua de democracia limitada para democracia plena.
E esta perda de esperança é agravada por situações outras, as quais a Imprensa vai noticiando, reveladoras de que algo vai mal ou, quando menos, não vai bem. E estas notícias ferem gravemente a Democracia, quer quanto à imagem, quer quanto à credibilidade enquanto regime eleito pelo Povo e para o Povo.
Todos sabemos que o Povo anseia por transparência a todos os níveis e que reage negativamente quando entende que essa mesma transparência não se verifica. Poderá argumentar-se que nem sempre o Povo bem ajuíza. Poderei conceder que assim seja, mas, quando tal assim se entender, o recurso ao esclarecimento é o caminho a seguir. O Estado de Direito não é uma farsa nem uma abstracção, é uma realidade digna e concreta e um objectivo civilizacional de homens livres.
Convirá que os governantes recuperem a identidade, recusando a designação de eles e o anátema de eles são todos iguais.Mais, é urgente que os governantes se assumam na diversidade das suas propostas e assim garantam ao Povo as inequívocas opções nas escolhas que tem o direito e o dever de fazer em cada acto eleitoral.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Julho de 2012
08 - CIDADANIA * Política
Todos sabemos que a palavra política significa o governo da cidade.
Dos
gregos nos chegou.
E governar a cidade é zelar pelos interesses dos cidadãos.
Assim sendo, não é de mais falarmos de política e atentarmos no que fazem e não
fazem aqueles que elegemos para determinarem os caminhos mais adequados da nossa
vida colectiva.
Eleger é votar e votar é escolher, logo todos nós assumimos a
responsabilidade de confiar o Poder (o governo da cidade) a alguém; e esse
alguém escolhido por nós assume a responsabilidade de honrar a escolha cumprindo
os objectivos propostos.
Considerando que isto é tão claro, daqui
partiremos para ver o que se passa,
para entender o porquê do que se
passa e para decidir se o que se passa nos convém e é
justo, porque
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade
da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade
livre, justa e solidária.
(Artigo 1º. da Constituição da República
Portuguesa)
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Julho de 2012
08 - CIDADANIA * «Voz do Povo...»
O Poder Local
Garante a Constituição da República Portuguesa no seu Artigo 235º.:
1- A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais.
2- As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas.
Mal avisado andará o governante quando não se apercebe de que o Povo murmura. Voz do povo é voz de Deus, garante o rifão.
O Povo murmura. Quantas e quantas vezes com razão! Outras haverá que nem tanto, mas será indispensável ouvi-lo sempre e esclarecê-lo devidamente quando não entende a justeza desta ou daquela decisão do Poder.
E por governante entenda-se o Poder Central e o Poder Local.
Não entende o Povo, nem eu entendo, provavelmente porque sou parte desse mesmo Povo, o motivo por que o Poder Político não atende ao rigor do aforismo que determina que quando há obrigações, não há devoções.
Há dias, comentava comigo uma senhora que já dobrou a barreira dos setenta:
Perdemos o direito ao transporte para tratamentos, exames e consultas fora da vila.
A senhora não disse perdemos, utilizou outro verbo, mas adiante! E, continuando, questionava ela:
E a Câmara o que faz? Tem meios de transporte para passeios, mas para os doentes não tem! Pois é, há dinheiro para umas coisas e para outras não há.
É inquestionável a razão da sua amargura.
Evidentemente que não questiono os apoios que são dados pelo Poder Central ou Poder Local a iniciativas outras que não as de primeira necessidade das populações, mas também me questiono quando estes apoios se sobrepõem aos de cariz urgente.
Não se trata aqui da recorrente máxima de ser difícil ou impossível agradar a gregos e troianos. Falamos de se privilegiar o que pode esperar em detrimento do que não pode esperar.
Quando não há meios para tudo, manda a justeza que se acorra ao fundamental. Hoje, é o caso. E, mesmo que quiséssemos ignorar os tempos difíceis que vivemos, a realidade de todos os dias aí está, dolorosa, a tirar-nos o sono.
Por quanto antecede, insisto: o Poder Local está convocado para assumir as suas responsabilidades.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Viana, 2 de Julho de 2012.
08 - CIDADANIA * Transporte de doentes
O Poder Local
Garante a Constituição da República Portuguesa no seu Artigo 235º.:
1- A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais.
2- As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas.
Não irei abordar agora a decisão governamental de privar os doentes do direito aos transportes. Este meu texto parte da realidade de hoje: o transporte dos doentes não é garantido pelo SNS (Serviço Nacional de Saúde); logo também não está garantido o transporte dos seus acompanhantes, estes devidamente considerados apenas quando determinada pelos médicos a sua indispensabilidade.
Todos sabemos a frustração sentida quando somos privados de um benefício ou de um direito, frustração agravada quando consideramos injusta a privação e, mais ainda, quando nos provoca incómodos e despesas acrescidas.
Perante o facto consumado, não consigo entender o motivo por que o Poder Local não assume o cumprimento do nº.2 do Artigo235º. da Constituição da República Portuguesa, disponibilizando um seu autocarro. Evidentemente que esta sua decisão, a ser tomada, deverá ser concertada com o Centro de Saúde, a fim de assegurar o maior número possível de doentes para cada deslocação.
Estamos perante uma situação delicada e a exigir uma acção humanitária indispensável e de grande alcance social.
Pela leitura que faço do artigo supra indicado, o Poder Local está convocado para assumir as suas responsabilidades constitucionais.
Voltaremos ao assunto.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Viana, 29 de Junho de 2012.
08 - CIDADANIA * Transporte ferroviário
O Poder Local
Garante a Constituição da República Portuguesa no seu Artigo 235º.:
1- A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais.
2- As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas.
O município de Viana do Alentejo está gravemente carenciado de transportes públicos.
O transporte ferroviário não existe desde os anos sessenta do século XX, quando a então CP decidiu desactivar as Estações de Viana e Alcáçovas. E, valha a verdade, essas mesmas estações, porque situadas longe das povoações, exigiam aos munícipes um transporte suplementar para a elas acederem. Transporte suplementar este que o município nunca assegurou.
Aguiar, bem distante de ambas as estações referidas, ainda mais penalizada viu os seus residentes. A esta distância no tempo, não sei precisar, nem sei se alguma vez soube, como os habitantes desta povoação procediam para beneficiarem do transporte ferroviário.
Vivia-se o tempo do Estado Novo, um tempo de desprezo pelos direitos e garantias dos cidadãos. Os que tiveram a desdita de vivê-lo saberão do que falo.
Mudados os tempos com a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, seria expectável que o Poder Local exigisse a reactivação das estações ferroviárias, até porque a CP era uma Entidade Pública. Não o tendo feito, ratificou, por omissão, a decisão do Poder Totalitário de então.
Não deixa de ser estranha esta ambígua forma de exercer o Poder Local, naturalmente em oposição ao consagrado constitucionalmente.
Sabemos que o Poder Central privilegiou, muito mal, acentue-se, o transporte rodoviário, gastando o dinheiro que tinha e também o que não tinha em estradas e auto-estradas. Tal qual, como se a sua opção fosse a mais adequada em termos de custo-benefício.
Não está em causa o transporte rodoviário e a construção das estradas e auto-estradas efectivamente necessárias. O que está em causa e se verbera é a substituição a que se procedeu e em escala considerável.
Algumas interrogações:
1- Quanto custa ao Estado a construção de um km de estrada e de um km de ferrovia?
2- Quanto custa ao Estado a manutenção de um km de estrada e de um km de ferrovia?
Vamos fazer contas?
Mas há mais:
1- Quanto perdeu a Estado com a decisão governamental de alienar à iniciativa privada, ainda que parcialmente, até ver, o transporte de pessoas e mercadorias que garantia a CP?
2- Não entenderam os agentes governamentais que essa sua decisão afectou gravosamente a acção redistributiva do Estado, pois este, não tendo ganhos, não pode redistribui-los?
3- Entendem os agentes governamentais que dar garantias à iniciativa privada é desmantelar no todo ou em parte os Serviços Públicos?
4- Entenderão os agentes governamentais que a sua acção administrativa não é lesar o Estado, logo os cidadãos?
Voltaremos ao assunto.
Até sempre.
José-Augusto de Carvalho
Viana, 29 de Junho de 2012.
08 - CIDADANIA * Biblioteca Municipal
(Durkheim)
Visito com assiduidade a Biblioteca Municipal. E, com natural apreensão, verifico não merecer este importante espaço a atenção e o interesse devidos.
José-Augusto de Carvalho
24 de Junho de 2012.
08 - CIDADANIA * A minha pátria é a língua portuguesa
A minha pátria é a língua portuguesa. Esta celebrada frase de Fernando Pessoa será o melhor título para este registo. Com ela, o Poeta rasga horizontes próximos e distantes. Desde este cais inquieto, no extremo ocidental europeu, até aos confins do mundo a haver. Ou, como disse Camões, E se mais mundo houvera lá chegara.
Não sei se Portugal é uma pátria de poetas, mas é, seguramente, uma pátria muito amada pelos seus poetas.
Chegámos a todos os povos e com eles nos misturámos. Para nós, não há raças nem credos erguendo barreiras, há gente, há a humanidade toda, rica na sua pluralidade, única na sua singularidade. Por isso nos misturámos, por isso nos misturamos.
É esta herança que temos, lavada de sal e de inquietação, vestida de assombros e de naufrágios, cantada pelos desafios de antemanhãs enfeitiçadas e chorada pelos crepúsculos da talapagada e vil tristeza de que também nos fala Camões.
Estes Poetas e tantos outros filhos desta mesma pátria fizeram e fazem da língua portuguesa o seu altar e nele rezaram e rezam os seus poemas, poemas de amor e dor, de sonho e pesadelo.
No verbo destes Poetas não há a estreiteza nacionalista. Há, sim, a assunção duma identidade reconhecida desde há séculos. Uma identidade ferida aqui e ali por gente ou incauta ou desavisada. E para não sair desta minha terra natal, pois, saindo, mais encontraria, infelizmente, aqui fixo a vulgaridade deAbana Viana, a comunhão incompreensível de Viana Summer ou o inadequado Cinema dos avós.
Talvez este e outros reparos publicados ou a publicar neste meu espaço sejam ignorados ou tidos por irrelevantes. Que sejam! Tal não me levará a abdicar do direito à opinião.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
23 de Junho de 2012.
Subscrever:
Mensagens (Atom)