É sempre o mesmo desconforto!
A chuva, o vento, a tempestade…
Fechada a barra,
vazio o porto,
há um vazio na cidade,
um vazio que nos amarra
como os barcos parados,
ao largo fundeados.
Galopes de fúria das águas
que salgam as mágoas
dos olhos molhados.
Gaivotas em terra, transidas
de frio nos molhes do porto.
Asas recolhidas,
corpos fustigados
p’los látegos do desconforto.
E os barcos parados,
ao largo fundeados,
descendo, subindo
ao sabor das vagas
que investem rugindo…
E a chuva caindo!
E o vento ululante de pragas
agredindo o porto…
E a barra fechada
e a cidade ouvindo,
ouvindo calada,
sofrendo calada
tanto desconforto.
E os barcos parados,
ao largo fundeados…
E a barra fechada
negando a largada.
*
José-Augusto de Carvalho
16 de Novembro de 2014.
Viana*Évora*Portugal