Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

06 - ROMANCEIRO * Em tempo de natal


Nas águas do nosso Odiana

Em tempo de Natal




Da barra, em Vila Real,

a maré vem rio acima.

E que frio traz o Natal,

o Natal que se aproxima!



Sem atraso no percurso,

cumpridor do calendário,

vem repetir o discurso

do messias operário.



Vem ainda pequenino,

e nas palhinhas deitado,

puro e nu como é destino

doutro qualquer deserdado.



Sobem as águas do Odiana,

cumprindo as leis naturais,

rumo à terra transtagana

de planuras e trigais.



Águas salgadas deveras,

fartas de peixes e de iodo!

Fim de angústias e de esperas

das mesas de um povo todo.



Como é mãe a natureza!

Corrige o inepto poder,

dando a todos com justeza

pra que todos possam ter.



E ninguém às águas tece

Hosanas e gratidão!

Ai, às vezes apetece

verberar a ingratidão.





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 18 de Dezembro de 2015.

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