Nas águas do nosso Odiana
Em tempo de Natal
Da barra, em Vila Real,
a maré vem rio acima.
E que frio traz o Natal,
o Natal que se aproxima!
Sem atraso no percurso,
cumpridor do calendário,
vem repetir o discurso
do messias operário.
Vem ainda pequenino,
e nas palhinhas deitado,
puro e nu como é destino
doutro qualquer deserdado.
Sobem as águas do Odiana,
cumprindo as leis naturais,
rumo à terra transtagana
de planuras e trigais.
Águas salgadas deveras,
fartas de peixes e de iodo!
Fim de angústias e de esperas
das mesas de um povo todo.
Como é mãe a natureza!
Corrige o inepto poder,
dando a todos com justeza
pra que todos possam ter.
E ninguém às águas tece
Hosanas e gratidão!
Ai, às vezes apetece
verberar a ingratidão.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 18 de Dezembro de 2015.
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