Ah, Poesia, eu não consigo ser
poeta neutro em Torre de Marfim!
Se foi o que quiseste ter de mim,
prefiro te perder a me perder...
Talvez poeta seja, mas, primeiro,
sou homem por direito e condição.
Um homem que tem norte e tem timão
não pode ter grilhões nem carcereiro.
Eu canto as asas livres deste Céu!
Eu choro a flor que o tempo emurcheceu!
Eu luto contra todas as algemas!
Por transgredir aceito ser teu réu
e, por defesa, alego que meu eu
aqui te enfrenta com ou sem poemas!
José-Augusto de Carvalho
23 de Março de 2006,
Viana * Évora * Portugal
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