Tempo de Sortilégio
Meditação
A minha casa está de mal comigo
ou eu talvez estou de mal com ela.
Se falo não escuta quanto digo,
se calo, alheia, nunca me interpela.
E, juntos, eu nem sei qual mais se ignora.
Vivemos um viver sem importância.
O tempo que outros medem hora a hora
é para nós atemporal errância.
Fizemos do silêncio a nossa paz.
A podre paz do fim que se assumiu.
Que importa o que se faz ou não se faz?
Lá fora, a vida segue de jornada,
nas malhas do que toda a gente viu:
que andar só por andar vai dar em nada.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 4 de Setembro de 2016.
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