Nas estradas e encruzilhadas da vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
10 - JORNAL DE PAREDE * O meu (primeiro) testamento
Introdução
Ninguém pode encontrar-se ou perder-se em caminhos que sempre recusou percorrer.
Cidadania
Estou onde sempre estive, progressivamente mais firme nas convicções e mais decidido na sua defesa sustentada.
No caminho percorrido, deparei-me, como era inevitável, com perspectivas que recusei subscrever. É dura esta difícil caminhada! Mas ceder a cantos de sereia acaba sempre em perdição.
Hoje como ontem, reclamo-me aluno da Escola da Vida: estudo e aprendo. Numa constante revisão da matéria dada, corto aqui, acrescento ali.
Aceito como boa orientação a dúvida sistemática. Sou um daqueles que entendem haver muitas dúvidas e raras certezas. Sem nunca perder de vista o objectivo último, a correcção da rota é uma tarefa de todos as horas.
Não carrego no meu bornal a obstinação nem a auto-suficiência; são mantimentos que rejeito por indigestos.
Prezo a ponderação e a discussão; delas sempre nasce a luz possível que nos alumia. E, entre companheiros de jornada, não perco nem ganho debates de ideias: contribuo; não imponho e não tolero imposições. Na grande jornada da Humanidade, o contributo de todos é indispensável. Por dever e por respeito por mim e pelos outros.
Literatura
Leio desde criança; escrevo desde criança.
Quanto ao que li, li de tudo, em boa verdade, mas tentei privilegiar a qualidade; a qualidade sempre relativa que o peso dos anos intenta sublimar.
Quanto ao que escrevo, ajuizará quem me ler. Não sou nem pretendo ser juiz em causa própria. Apenas posso garantir que procuro ser decente. Será pouco? Para mim, é um tudo de que não abdico.
No meu percurso, há livros publicados e textos em antologias. É o meu passado atestando etapas cumpridas.
Posteriormente, tive ofertas de publicação que recusei. E soube, até, de quem tivesse a pretensão de ajudar-me, confundindo divulgação de um trabalho com benemerência.
Distante de tertúlias por opção, comigo conto. E porque assim é, suporto o encargo deste isolamento que escolhi.
Na Literatura, serei ou não o que tiver de ser, mas sempre por merecimento e nunca por favor.
Quase tudo quanto escrevo está publicado em alguns espaços da Internet. Se, um dia, algum editor me ler e desejar editar-me, estarei disponível para ponderar a hipótese. Se tal oportunidade não surgir, talvez, um dia, eu decida assumir o encargo da publicação ou arrumar as centenas de páginas escritas na gaveta das inutilidades.
Se optar pela publicação, o favor ou desfavor dos meus concidadãos será da sua exclusiva responsabilidade. Sem recriminações, aceitarei o seu veredicto. E por uma óbvia razão: se a eles decidir destinar o resultado deste meu labor, a eles competirá aceitá-lo ou recusá-lo.
Hoje, é assim. Nada de definitivo existe sob o Sol.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
1 de Novembro de 2013.
Viana*Évora*Portugal
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
10 - JORNAL DE PAREDE * Informação
Antes de tudo o mais, a minha gratidão aos seguidores deste blog e a todos os demais leitores deste espaço que detenho e pretendo dignificar, pesem embora as minhas limitações.
Neste tempo de difícil edição de livros, decidi abrir um outro espaço, no qual arrumo os meus textos, subordinados a títulos provisórios ou definitivos, estes indicados nas etiquetas à direita da pantalha.
O novo espaço --- http://meustemposdoverbo.blogspot.com --- não substitui este vivo e desnudo.
Espero e mui gratificado ficarei se puder contar com as visitas possíveis e os subsequentes comentários críticos que sempre ajudam a crescer qualquer autor.
Reiterando a minha gratidão, os meus cumprimentos.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
30 de Outubro de 2013.
Viana*Évora*Portugal
terça-feira, 29 de outubro de 2013
08 - CIDADANIA * Há um barco rumando a nenhures!
Estive a reler o período da nossa História definido como Regeneração. Como todos sabemos, e também assim no-lo confirma Houaiss, no seu Dicionário da Língua Portuguesa , regenerar significa efectuar nova organização em, reorganizar, etc.
Agora, não valerá a pena deter-me no que li, mas, tão-só, deter-me na palavra regeneração, no seu significado e no modo como se perfila e me exige que a pondere nestes nossos tempos de hoje.
Com o decorrer dos tempos, com as sempre nefastas intromissões da rotina, com as influências dos incautos ou impreparados, etc., as degenerescências instalam-se, gradualmente. E é isto que reclama a regeneração.
É saudável parar para avaliar cada troço do caminho percorrido. Fazer, afinal, aquilo que os mareantes designam por correcção da rota.
Os condutores da marcha, aqueles a quem incumbe determinar as escolhas do caminho adequado, são os mesmos de quem Fernando Pessoa nos fala no seu poema O Mostrengo quando coloca na boca do piloto da nau estas palavras decisivas: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu...»
Confiar nos condutores da marcha significa uma delegação de um poder e não uma sujeição. O condutor de uma marcha não é uma autoridade arbitrária sobre os demais, é uma capacidade, capacidade que deve ser avaliada a todo o momento. Sabemos que errar é humano; e também sabemos ser humana a decisão de corrigir esse erro. Se bem que também seja humano, insistir no erro é atitude pouco inteligente e sempre prejudicial. Daqui se extrai a meridiana conclusão de ter de ser substituído quem não cumpre a tarefa que lhe foi confiada. E quando o erro não é corrigido ou quando o condutor da marcha não é substituído devido à sua inépcia, aqueles que abandonam um barco sem rota ou à deriva fazem-no porque não têm poder para alterar a situação, restando-lhes assumir a sua indisponibilidade de continuar a caminhar para nenhures.
Que trágico é olharmos um barco navegando rumo a nenhures!
José-Augusto de Carvalho
28 de Outubro de 2013.
Viana*Évora*Portugal
Agora, não valerá a pena deter-me no que li, mas, tão-só, deter-me na palavra regeneração, no seu significado e no modo como se perfila e me exige que a pondere nestes nossos tempos de hoje.
Com o decorrer dos tempos, com as sempre nefastas intromissões da rotina, com as influências dos incautos ou impreparados, etc., as degenerescências instalam-se, gradualmente. E é isto que reclama a regeneração.
É saudável parar para avaliar cada troço do caminho percorrido. Fazer, afinal, aquilo que os mareantes designam por correcção da rota.
Os condutores da marcha, aqueles a quem incumbe determinar as escolhas do caminho adequado, são os mesmos de quem Fernando Pessoa nos fala no seu poema O Mostrengo quando coloca na boca do piloto da nau estas palavras decisivas: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu...»
Confiar nos condutores da marcha significa uma delegação de um poder e não uma sujeição. O condutor de uma marcha não é uma autoridade arbitrária sobre os demais, é uma capacidade, capacidade que deve ser avaliada a todo o momento. Sabemos que errar é humano; e também sabemos ser humana a decisão de corrigir esse erro. Se bem que também seja humano, insistir no erro é atitude pouco inteligente e sempre prejudicial. Daqui se extrai a meridiana conclusão de ter de ser substituído quem não cumpre a tarefa que lhe foi confiada. E quando o erro não é corrigido ou quando o condutor da marcha não é substituído devido à sua inépcia, aqueles que abandonam um barco sem rota ou à deriva fazem-no porque não têm poder para alterar a situação, restando-lhes assumir a sua indisponibilidade de continuar a caminhar para nenhures.
Que trágico é olharmos um barco navegando rumo a nenhures!
José-Augusto de Carvalho
28 de Outubro de 2013.
Viana*Évora*Portugal
terça-feira, 24 de setembro de 2013
08 - CIDADANIA * Percurso
«Sempre que ensines, ensina também a duvidar do que ensinas.»
Constantemente, a Vida nos ensina a corrigir o que tínhamos por garantido. Assim, concluímos que deveremos ter a dúvida como bússola do nosso percurso.
08 - CIDADANIA * Dois cafèzinhos
Crónica do quotidiano
Hoje, encontrei um ex-colega de profissão e amigo
de longa data. Porque ambos tínhamos tempo disponível, convidei-o para beber um
café numa esplanada desta Lisboa onde habitamos.
Conversámos da Vida e de peripécias dos tempos idos
e actuais. É bom rever amigos e conversar. Depois, chamei o empregado e paguei.
Dois cafézinos --- três (3) euros. Surpreendido, perguntei o porquê do preço exagerado. O empregado, gentilmente, reconheceu o exagero e justificou-o com o preço que a Câmara Municipal cobra pela utilização do espaço público.
Dois cafézinos --- três (3) euros. Surpreendido, perguntei o porquê do preço exagerado. O empregado, gentilmente, reconheceu o exagero e justificou-o com o preço que a Câmara Municipal cobra pela utilização do espaço público.
Partimos juntos até uma paragem do metro, onde o
meu amigo teria transporte para rumar a casa.
Enquanto caminhávamos, a pé, interrogámo-nos: o
Poder Local, que reconhecidamente apoiamos pela sua importância, não atentará na
situação que cria? Pois, é que se o comerciante paga caro o espaço, imputá-lo-á
ao consumidor. Ora porque assim é, a Câmara Municipal é directamente responsável
pelo exagero que assalta a bolsa dos seus munícipes.
Evidentemente que estou atento ao rifão: Na
primeira cai um qualquer; na segunda só cai quem quer. No entanto, retiro
esta lição do ocorrido: terei de precaver-me, sabendo que a Câmara Municipal não
protege os seus munícipes.
Dizia-se, antigamente: Não preciso de tostões,
preciso é de milhões. Vale o aforismo, pois o exagero que paguei não
afectará a minha bolsa. A questão que deixo aqui é a do exagero, apenas.
Oxalá que este exagero não seja a primeira passada da tal estrada de mil léguas que sempre começa por uma passada...
Oxalá que este exagero não seja a primeira passada da tal estrada de mil léguas que sempre começa por uma passada...
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 24 de Setembro de 2013.
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
06 - ROMANCEIRO * No Tempo, os tempos...
Um
dia, irei parar. O alor do movimento
sucumbirá
às mãos da inércia dos algozes.
E
o tempo que foi meu, sem viço nem alento,
doído,
chorará fatais apoteoses.
Não
mais o florescer ao sol da primavera.
Não
mais manhãs dourando o pipilar nos ninhos.
Não
mais festões de Abril tecidos nesta espera,
suspensos
colorindo as orlas dos caminhos.
Ah,
tempo que sem tempo assim se me perfila,
à
chuva, ao frio, ao sol rasgando a vida em tiras!
Ah,
Vida naufragando em vagas intranquilas,
vestidas
só de sal e névoas de mentiras.
E
o tempo que foi meu, já velho, cedo agora.
Que
o novo tempo chegue e cumpra a sua hora!
José-Augusto de Carvalho
28 de Agosto de
2013.
Viana * Évora * Portugal
sexta-feira, 5 de julho de 2013
08 - CIDADANIA * A exigência
A exigência começa em nós. Só quem é exigente tem legitimidade para exigir aos demais. Exigência na responsabilidade de ser e agir.
A responsabilidade de ser determina a exigência do respeito por nós e pelos outros.
A responsabilidade de agir ou no agir determina o domínio dos caminhos a percorrer, a procura incessante das alternativas mais adequadas à situação concreta que se pretende alterar ou corrigir. Qualquer acção, tal como a palavra, tem o dever de ser precisa.
Sabemos que ninguém domina as diversas áreas do saber, logo é indeclinável o dever de nos socorrermos de quem, aqui e ali, está em condições de nos auxiliar no agir. Desprezar esta condição é desafiar o insucesso a prejudicar a exigência do ser e do agir responsavelmente.Ultimamente, ouço, com frequência, o apelo à renovação. Em abstracto, nada a dizer. Qualquer mudança é própria da vida e deveremos pugnar por ela desde que não signifique mudar para pior.Renovar é, como sabemos, o velho dar o lugar ao novo. Trata-se de assegurar a continuidade de um objectivo concreto, ainda que tendo em atenção as mudanças de perspectiva, as correcções impostas e que não dependem da nossa vontade.Renovar por renovar, desprezando o saber dos mais experimentados, é erro que se pagará caro, inevitavelmente.Exigência não casa bem com inexperiência, ineficiência, etc.A História realça o êxito dos povos que sempre atenderam aos Conselhos dos Anciãos. E a sabedoria popular ainda hoje mantém este alerta: O diabo sabe muito não por ser diabo, mas, sim, por ser velho.Não tenho a jactância de julgar seja quem for, mas intuo que o rei vai nu. O tempo me dará razão ou não. Oxalá que não.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
segunda-feira, 1 de julho de 2013
06 - ROMANCEIRO * A Bandeira da Vida
Caminhemos! Além do cerro, caminhemos!
Sob a névoa, há sinais do fogo que se
ateia.
Enrubesce a manhã. E o seu clarão semeia
primaveras de nós.
Ousados, caminhemos!
A bandeira da Vida, ao alto, desfraldemos!
Com a
força do braço e da vontade plena!
No futuro do olhar, o longe já
acena.
Sem temor nem cansaço, ousados, caminhemos!
Já perdeu quem
ficou na renúncia da espera.
Já perdeu quem escolhe o pão da rendição.
Ah,
que seja amassada esta fome do pão
em cansaços que só a liberdade
gera!
É de mim e de ti, de nós todos, nesta hora,
a razão de partir
«por esses campos fora»!...
José-Augusto de Carvalho
30 de Junho de
2013.
Viana * Évora * Portugal
terça-feira, 18 de junho de 2013
08 - CIDADANIA * Os meus textos
Os meus textos não têm destinatários preferenciais.
Tempos houve que sim, que almejava ser lido por esta ou aquela pessoa. Foi o tempo romântico, que já lá vai, há muito. Desses caminhos, juncados de flores de utopia adolescente, restam pétalas secas e ressequidas. E uma saudade imensa da inocência perdida.
Hoje, escrevo para mim, como se fosse um diário. É certo que, neste blogue, publico os meus textos. E não menos certo é que tenho leitores, quase sempre amigas e amigos. Amigas e amigos que me criticam e me incentivam a não ficar calado. Outros há que me falam deste ou daquele assunto. E quando lhes digo já ter escrito sobre e publicado no blogue, logo me dizem que não me leram por absoluta falta de tempo. A falta de tempo é uma praga. Claro que antes falta de tempo do que falta de ar. Se assim não fosse, lá ficaria eu mais pobre ainda. Claro que ouço e calo. Não tenho por que me melindrar. Só me lê quem quer. Verdade que alguns, raros, me foram ler, depois.
Como disse, ajo como se estivesse escrevendo um diário. E, quantas vezes, me leio e releio! Ora por desfastio, ora para recordar algumas situações. E como sempre sucede com quem escreve, dou comigo a corrigir mentalmente, aqui e ali, o texto já escrito e divulgado. E isto porque, como salientou o grande poeta espanhol António Machado, «o caminho faz-se caminhando» … Nada é definitivo e ainda bem.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
18 de Junho de 2013.
Tempos houve que sim, que almejava ser lido por esta ou aquela pessoa. Foi o tempo romântico, que já lá vai, há muito. Desses caminhos, juncados de flores de utopia adolescente, restam pétalas secas e ressequidas. E uma saudade imensa da inocência perdida.
Hoje, escrevo para mim, como se fosse um diário. É certo que, neste blogue, publico os meus textos. E não menos certo é que tenho leitores, quase sempre amigas e amigos. Amigas e amigos que me criticam e me incentivam a não ficar calado. Outros há que me falam deste ou daquele assunto. E quando lhes digo já ter escrito sobre e publicado no blogue, logo me dizem que não me leram por absoluta falta de tempo. A falta de tempo é uma praga. Claro que antes falta de tempo do que falta de ar. Se assim não fosse, lá ficaria eu mais pobre ainda. Claro que ouço e calo. Não tenho por que me melindrar. Só me lê quem quer. Verdade que alguns, raros, me foram ler, depois.
Como disse, ajo como se estivesse escrevendo um diário. E, quantas vezes, me leio e releio! Ora por desfastio, ora para recordar algumas situações. E como sempre sucede com quem escreve, dou comigo a corrigir mentalmente, aqui e ali, o texto já escrito e divulgado. E isto porque, como salientou o grande poeta espanhol António Machado, «o caminho faz-se caminhando» … Nada é definitivo e ainda bem.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
18 de Junho de 2013.
domingo, 16 de junho de 2013
05 - REFLEXÕES * Só
Neste final de jornada, quando supunha nada mais caber no meu bornal, a surpresa vem. E já não valia a pena. Não porque a sobrecarga seja pesada; apenas porque já nada acrescenta. É aquela situação de quem é surpreendido por uma trovoada, num descampado: depois de chover uns minutos, os restantes, muitos ou poucos, já nada acrescentam à molha.
No monte, os dias trazem-me a monotonia de um tempo parado.
As notícias que me chegam, ainda que poucas, confirmam-me a monotonia.
O dia é o resultado do fatal movimento de rotação; o ano é o resultado do fatal movimento de translação. Assim sendo, nada de novo sob o sol. Mas os dias e os anos, para além do fatalismo planetário, dão-me coisas bonitas: os passarinhos chilreiam, felizes; as flores insistem em maravilhar-me com os seus aromas e as suas cores; «todo o sol do Alentejo» me encanta em apoteoses de cor. Pois, na contemplação, tudo bem.
Na acção, retenho do poema do grande Poeta Miguel Torga sobre Bartolomeu Dias, a fatal conclusão: um herói sem remate. Inevitável. É da sabedoria que não se pode pedir o que se não tem para dar.
Nestes dias quentes, fico-me à sombra, olhando a estrada deserta. Uma andorinha ensaia acrobacias. Como lhe é fácil ser acrobata e como é difícil a tanta gente dar o passo certo no momento certo!
Só, deixo-me entontecer pela tremulina.
Gabriel de Fochem
15/6/2013.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
05 - REFLEXÕES * Amigos
Esta
é a história de dois amigos. Por comodidade, um será identificado por Alfa; o
outro, por Ómega.
Há
anos, Alfa e Ómega encontraram-se. Não se viam desde a adolescência. Cada um
quis saber do outro. Depois de inteirados do que consideraram ser necessário,
decidiram encontrar-se amiúde e assim reatarem os laços da infância e da
adolescência. Verificaram, com agrado, que ambos residiam e trabalhavam na
cidade grande. Era uma vantagem. Despediram-se com um até
breve!
Depois deste encontro, outros mais se seguiram. E os laços
foram estreitando-se. Ambos verificaram que as suas condições de vida ditas
económicas eram diferentes. Um vivia folgadamente, outro nem
tanto.
Certa
vez, Alfa convidou Ómega, ao fim da
tarde, para irem a um espectáculo de variedades. Ómega, menos abastado, declinou
o convite. Surpreso, Alfa quis saber por que motivo lhe era declinado o seu convite. E Ómega, sorrindo, respondeu: somos amigos, mas a tua carteira é maior
do que a minha, logo tu tens um poder de compra que eu não tenho. Seremos sempre
amigos, mas nem sempre poderemos ser companheiros.
Alfa mal disfarçou a mágoa que lhe causou a resposta de Ómega. E
nem sequer quis ponderar a disponibilidade para suportar as despesas. Sabia bem
que Ómega não aceitaria. A desigualdade evidenciada era
superior à vontade de ambos. Uma desigualdade de somenos, pois nem tudo na vida
se mede pelo poder de compra que se tem ou não tem. Sentiram-se mais unidos na
amizade, certos de que os afectos não se compram nem se vendem. Companheiros
seriam na longa estrada da vida, nem tanto no supérfluo que a sociedade também
oferece, pagando.
Gabriel de Fochem
Gabriel de Fochem
11.4.2013
sexta-feira, 29 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
domingo, 10 de março de 2013
quarta-feira, 6 de março de 2013
05 - REFLEXÕES * O escadote
Ignácio Pedralva era um homem muito respeitado no meio rural
onde vivia. As suas barbas brancas davam testemunho de uma vida longa. Já homem
feito, casado e pai, assistira à derrocada da Monarquia e ao advento da
República. Sem entusiasmos, passara da velha à nova ordem estabelecida. Lia a
Imprensa e ouvia com atenção o filho que vivia na cidade.
Alfredo, de quando em quando, conseguia uns dias de licença e visitava o pai. E sorria sempre quando ouvia a pergunta: Filho, como vai a política, lá na cidade?
A República passara. Havia aberto de par em par as portas ao autoritarismo. Como sempre sucede, uns adaptaram-se, outros mantiveram-se fieis ao ideário apeado. Ignácio Pedralva meneava a cabeça, apreensivo. As coisas continuavam a não caminhar bem. Agora, pior.
Alfredo, homem vigoroso de corpo e de entendimento, ficara ao lado dos que resistiam. Sustentava que as forças do reviralho recuperariam a República e os seus ideais de Outubro de 1910. E insistia em transmitir ao pai essa convicção.
Um dia, Alfredo sugeriu ao pai que aderisse a um movimento local. Afirmava que a força residia nas bases. E sentenciava: o Terreiro do Paço não poderá governar contra as bases.
Ignácio Pedralva, sorrindo, respondeu-lhe: Meu filho, nunca fui degrau de escadote para os outros subirem.
Surpreso, Alfredo ficou calado, digerindo a resposta do pai. Entretanto, eram horas de almoço. Sentaram-se à mesa. Uma açorda de alho e poejos com peixe frito esperava-os, fumegando.
Alfredo tentou recuperar a conversa: Pai, não quer pensar melhor no que lhe sugeri?
Ignácio Pedralva, fitando o filho com ternura: Não quero destruir as tuas esperanças com as minhas desilusões. Também as tive e lutei por elas. Fiquei desiludido. Naquele meu tempo, muitos dos que estavam, não eram; e muitos do que eram, não estavam... Entendes-me? E, agora, é demasiado tarde para mim.
Alfredo tentou insistir...
O velho atalhou: Não insistas, filho. A minha decisão está tomada. Apenas desejo que, dessa tua aventura, não saias tão magoado como eu saí da minha. Talvez, quem sabe?, as coisas sejam diferentes, hoje...
E continuaram a refeição, em silêncio.
Gabriel de Fochem
5 de Março de 2013.
Alfredo, de quando em quando, conseguia uns dias de licença e visitava o pai. E sorria sempre quando ouvia a pergunta: Filho, como vai a política, lá na cidade?
A República passara. Havia aberto de par em par as portas ao autoritarismo. Como sempre sucede, uns adaptaram-se, outros mantiveram-se fieis ao ideário apeado. Ignácio Pedralva meneava a cabeça, apreensivo. As coisas continuavam a não caminhar bem. Agora, pior.
Alfredo, homem vigoroso de corpo e de entendimento, ficara ao lado dos que resistiam. Sustentava que as forças do reviralho recuperariam a República e os seus ideais de Outubro de 1910. E insistia em transmitir ao pai essa convicção.
Um dia, Alfredo sugeriu ao pai que aderisse a um movimento local. Afirmava que a força residia nas bases. E sentenciava: o Terreiro do Paço não poderá governar contra as bases.
Ignácio Pedralva, sorrindo, respondeu-lhe: Meu filho, nunca fui degrau de escadote para os outros subirem.
Surpreso, Alfredo ficou calado, digerindo a resposta do pai. Entretanto, eram horas de almoço. Sentaram-se à mesa. Uma açorda de alho e poejos com peixe frito esperava-os, fumegando.
Alfredo tentou recuperar a conversa: Pai, não quer pensar melhor no que lhe sugeri?
Ignácio Pedralva, fitando o filho com ternura: Não quero destruir as tuas esperanças com as minhas desilusões. Também as tive e lutei por elas. Fiquei desiludido. Naquele meu tempo, muitos dos que estavam, não eram; e muitos do que eram, não estavam... Entendes-me? E, agora, é demasiado tarde para mim.
Alfredo tentou insistir...
O velho atalhou: Não insistas, filho. A minha decisão está tomada. Apenas desejo que, dessa tua aventura, não saias tão magoado como eu saí da minha. Talvez, quem sabe?, as coisas sejam diferentes, hoje...
E continuaram a refeição, em silêncio.
Gabriel de Fochem
5 de Março de 2013.
domingo, 3 de março de 2013
08 - CIDADANIA * «Que se lixe a troika»
O POVO É QUEM MAIS ORDENA!
A emblemática «Grândola, Vila Morena», de José Afonso, a canção-senha que, na madrugada de 25 de Abril de 1974, determinou o arranque da acção libertadora do MFA-Movimento das Forças Armadas para derrube do Estado Novo e a subsequente devolução ao Povo Português da Liberdade e da Dignidade, foi cantada por centenas de milhar de pessoas indignadas na manifestação extraordinária de ontem, dia 2 de Março de 2013.
O movimento popular «Que se lixe a troika» exigiu o fim da intervenção estrangeira e a demissão do Governo.
José Afonso, o resistente antifascista que fez da canção uma arma, já não está entre nós, mas perdurará na memória de todos o seu exemplo, a sua música e as suas canções.
Este espaço não poderia deixar de assinalar, ainda que modestamente, mais esta acção de resistência e luta do Povo Português.
Ilustra este registo a elucidativa foto que, com a devida vénia, colhi de empréstimo ao nosso centenário Diário de Notícias.
Até sempre!
JoSé-Augusto de Carvalho
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
08 - CIDADANIA * Insólito
Chega-me de Espanha, disfarçado de humor, este diálogo insólito de mãe e filha menor.
Pede a menina:
Mãe, antes de eu adormecer, lê-me um artigo da nossa Constituição política.
Responde a mãe:
Não, minha filha, porque, depois, tu sonhas...
Lá como cá, o mesmo desencanto...
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 22 de Fevereiro de 2013.
Pede a menina:
Mãe, antes de eu adormecer, lê-me um artigo da nossa Constituição política.
Responde a mãe:
Não, minha filha, porque, depois, tu sonhas...
Lá como cá, o mesmo desencanto...
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 22 de Fevereiro de 2013.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
08 - CIDADANIA * Crónica de um dia sem história
O Largo
Hoje, desci ao Largo. Sim, também eu tenho um Largo. Não é, seguramente, o Largo de que o Manuel (da Fonseca) nos fala e que era o centro do mundo. Este meu, mais modesto, é, apenas, o centro do meu povoado.
Neste meu Largo, está sempre um homem olhando em frente. Alheado das árvores que o circundam, olha em frente. Fixamente. Tentará, porventura, desvendar as novas e os mandados que virão.
Fica indiferente às conversas que escuta, tal como à chuva que o molha, ao frio e ao calor que já não poderão incomodá-lo.
Um ou outro, mais velho, fala dele como de um passado morto. Interiormente, sorri. O passado não morreu. O passado é a raiz, as fases diversas sobre que assenta o presente. O presente à espera do futuro. O passado é ontem; o presente é hoje; o futuro é amanhã.
Do passado nos chega a sentença: quem boa cama fizer, nela se há-de deitar.
Como dizia, desci ao Largo. Hoje. Hoje deveria ser um dia especial, deveria ser mas não é. Mais exactamente, não vi que fosse.
Em derredor do homem sempre presente, havia diversas pessoas, cavaqueando. Também um carro de som, tentando animar o ambiente com banalidades pseudo-desportivas.
Senti-me defraudado. De dia especial, nada vi. Regressei a casa. Olhei a estante onde arrumo alguns livros. Lá estavam Os Lusíadas. Melancolicamente, recordei: Esta é a ditosa pátria, minha amada!
Pois…
José-Augusto de Carvalho
10 de Junho de 2011.
Viana*Évora*Portugal
08 - CIDADANIA * Se...
Se eu me apresentasse a sufrágio, três interrogações me colocaria:
1ª.- Serei eu um candidato esperado pelos meus concidadãos?
2ª.- O que esperarão de mim os meus concidadãos?
3ª.- O que poderei prometer (para cumprir) aos meus concidadãos?
Depois destas interrogações, outras três me colocaria:
1ª.- Que colectivo irei eu integrar?
2ª.- Quais os recursos disponíveis para ponderar o êxito da tarefa?
3ª.- Quais os recursos outros a desenvolver?
E depois destas, ainda mais cinco interrogações me colocaria:
1ª.- Que prioridades exige a população?
2ª.- Que necessidades mais urgentes a debelar?
3ª.- Como motivar a população para participar no seu bem-estar?
4ª.- Como motivar a população para o desenvolvimento da comunidade?
5ª.- Como motivar a população a participar na "res publica"?
Uma candidatura é um desafio. E desse desafio é parte maior a entrega sem limites ao dever de servir e de cumprir.
Uma candidatura pressupõe ainda a existência de um projecto, o qual determina, para além da gestão corrente, a criatividade, o desenvolvimento, o rigor na defesa da identidade colectiva e a superação do Presente rumo ao Futuro.
Assim seria se eu me apresentasse a sufrágio.
Será uma hipótese remota, mas a Vida ensina-nos a nunca dizer nunca. Hipótese seguramente remota porque nem eu luto por isso nem os meus concidadãos; mas esta realidade objectiva não poderá jamais impedir-me de expressar o que penso, hoje, e o objectivo por que me bateria.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
08 - CIDADANIA * Evocando Camões
Oxalá saibamos libertar o nosso
PoetaMaior
da angústia que levou para o
túmulo...
Não mais, Musa, não mais a lira que
tenho
Destemperada e a voz enlouquecida.
E não do canto, mas de
ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com
que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está
metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil
tristeza.
Luís Vaz de Camões
(Os Lusíadas,
Canto X, 145).
publicado por Do-verbo às 17:21
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
08 - CIDADANIA * Considerações cívicas
Na minha modesta intervenção cívica, sempre me inseri na força do colectivo, bem ciente da verdade que encerra a parábola dos vimes.
Acredito na decisão que decorre do confronto das perspectivas várias que se nos deparam quando analisamos um problema e buscamos solucioná-lo racionalmente.
Muitas vezes, foi vencida a perspectiva que apresentei; algumas vezes, saiu vencedora. Nada de importante, porque estava em causa encontrar uma solução e não a alimentação estreita de um qualquer ego igualmente estreito.
Ultrapassei barreiras, algumas com a satisfação do dever cumprido; outras com a recusa de enveredar por caminhos que não são nem nunca foram os meus.
Hoje, remetido ao meu cantinho doméstico, vejo com apreensão o presente e o futuro, tal como vi apreensivamente o passado mais ou menos recente. Muito se poderia ter feito e não se fez; muito há a fazer e não consigo vislumbrar condições para cooperar.
Hoje, campeia a presunção de vencer eleições. Para quê? A resposta das populações é visível no seu desencanto e no seu afastamento da res publica. Mais, bastará atentar no partido das abstenções e no partido dos votos em branco e dos votos nulos, ambos em crescimento preocupante.
Onde as propostas construtivas e credíveis para erguer colectivamente uma estrutura social sustentada e sustentável e com as garantias possíveis de progressão quantitativa e qualitativa?
Onde a recusa de rendas e prebendas ao arrepio duma situação deplorável de baixos rendimentos, de carências sociais degradantes?
Onde as acções supletivas, privilegiando o fundamental e preterindo o acessório?
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
12 de Novembro 2012
08 - CIDADANIA * A nossa vida
Falando da vida que nos impõem, não da vida que gostaríamos de ter e não soubemos escolher.
Foto utilizada com a devida
vénia de Produções HUMORDATRETA
Convém que o povo não perceba o sistema bancário e monetário, pois, se percebesse, acredito que haveria uma revolução antes de amanhã de manhã.
Henry Ford - 1922
E tudo isto depois de tantos alertas, dos quais cito este, de 1922. E H.F. bem sabia do que falava!
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
21 de Outubro de 2012.
08 - CIDADANIA * O Povo é quem mais ordena!
Lisboa, 29 de Setembro de 2012.
O inesquecível José Afonso está presente no título deste registo e na sua emblemática canção «Grândola, Vila Morena», cantada pelos manifestantes durante mais esta impressionante jornada de luta e de afirmação de cidadania.
*
José-Augusto de Carvalho
30 de Setembro de 2012
Foto
retirada, com a devida vénia, do jornal francês Le Monde, de 30.9.2012
O inesquecível José Afonso está presente no título deste registo e na sua emblemática canção «Grândola, Vila Morena», cantada pelos manifestantes durante mais esta impressionante jornada de luta e de afirmação de cidadania.
*
José-Augusto de Carvalho
30 de Setembro de 2012
08 - CIDADANIA - Posição da CGTP
CGTP-IN ESCLARECE INTERPRETAÇÃO
RELATIVA AOS CORTES
DOS SUBSÍDIOS
As recentes declarações, designadamente do Primeiro-ministro, sobre algumas medidas em discussão na reunião de ontem do Conselho Permanente de Concertação Social, terão provocado alguns erros de interpretação junto da população, que aliás têm solicitado junto da central os respectivos esclarecimentos, considerando por isso a CGTP-IN pertinente e relevante esclarecer.
O Governo está a fazer um jogo de palavras para enganar os portugueses aos quais roubou os subsídios de férias e de natal de 2012.
Quando fala em devolver o Governo mente, porque não vai devolver coisa nenhuma.
O que quer dizer é, simplesmente, que em 2013, pretende sonegar um subsídio, dos dois que tinha decidido retirar e o Tribunal Constitucional anulou por inconstitucionalidade.
Em circunstância alguma o Governo prevê devolver, de facto, os valores roubados aos referidos cidadãos.
Esta é a conclusão da CGTP-IN, pelo que consideramos uma afronta aos trabalhadores que o Governo se permita, a propósito de uma matéria sensível e vital, lançar a confusão e criar falsas expectativas junto dos trabalhadores, reformados e pensionistas, atingidos por tal medida no corrente ano.
O Governo deve esclarecer de forma rigorosa esta questão e abster-se de tais manipulações na tentativa de suavizar as medidas que se prepara para impor nos próximos tempos.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 25.09.2012
*
José-Augusto de Carvalho
27 de Setembro de 2012.
09 - IN MEMORIAM * Luiz Goes
A música portuguesa está de luto:
faleceu, ontem, o Dr. Luiz Goes
Dr. Luiz Goes (1933-2012)
Cantor inesquecível, Poeta e
Compositor inspirado,
transcrevo um dos seus belos poemas:
*
Homem Só, Meu
Irmão
Letra e música: Luiz Goes
Intérprete: Luiz Goes
Tu, a
quem a vida pouco deu,
que deste o nada que foi teu
em gestos
desmedidos...
Tu, a quem ninguém estendeu a mão
e mendigas o pão dos
teus sentidos,
homem só, meu irmão!
Tu, que andas em busca da
verdade
e só encontras falsidade
em cada sentimento,
inventa,
inventa, amigo, uma canção
que dure para além deste momento,
homem só,
meu irmão!
Tu, que nesta vida te perdeste
e nunca a mitos te
vendeste
– dura solidão –,
faz dessa solidão teu chão sagrado,
agarra
bem teu leme ou teu arado,
homem só, meu irmão!
*
Como
doente, tive o privilégio de conhecer o Dr. Luis Goes e de lhe manifestar a
minha admiração.Aqui fica o meu adeus sentido.
José-Augusto de Carvalho
19 de Setembro de 2012.
08 - CIDADANIA * O Conselho de Estado
PORTUGAL DEMOCRÁTICO * Imagem Internert
Cidadão vulgar deste país, a braços com o dia-a-dia da Vida, muitas coisas me escapam. Aqui fica estamea culpa.
Evidentemente que a mea culpa não me absolve do desconhecimento e só releva a minha deficiente condição de cidadão. E é grave, pois quem pode exercer a sua plena cidadania se não estiver de posse de todos os dados que lha permitam?
Considerando a situação político-social que se vive e a informação pública da convocação do Conselho de Estado para o próximo dia 21 de Setembro decorrente, acedi à Página da Presidência da República, inteirando-me da composição do referido Conselho de Estado. Fiquei perplexo ao verificar que nem todos os partidos políticos com representação parlamentar têm assento no Conselho de Estado. Não consigo entender o motivo desta exclusão. E mais, os cidadãos que estão representados na Assembleia da República por estes partidos também não têm voz no Conselho de Estado.
Mas a minha perplexidade não fica por aqui. Por que motivo estão excluidas as Centrais Sindicais e as Associações Patronais? Como entender a exclusão da força motriz do país?
Outras exclusões assinalo: como se justifica a exclusão de Ordens tão directamente ligadas à nossa vida colectiva como são a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos?
Usando do direito à opinião, constitucionalmente consagrado, aqui a deixo.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
19.9.2012
08 - CIDADANIA * Para a História
15 de Setembro de 2012
Dispensam palavras as imagens recolhidas na internet e que reproduzo, aqui , com a
devida vénia.
Parafraseando José Afonso, O Povo saiu à
rua!
Que fique o grito de um
Povo:
Queremos as nossas vidas!
/
16.9.2012
08 - CIDADANIA * Reflexão
Vai distante o tempo em que tínhamos dificuldade na divulgação do nosso pensamento. Poucos tinham acesso a uma coluna de jornal. Hoje, a internet permite-nos ultrapassar facilmente essa dificuldade do passado. Só não tem um blogue quem assim decidir. Evidentemente que um blogue coloca-nos o mesmo problema antigo de uma folha de papel em branco: que escrever e para quem escrever?
Efectivamente, escrever é comunicar. E só há comunicação quando se é lido. Outra vantagem do blogue é a interacção: os comentários dos leitores são a prova provada de que se foi lido. E, aí, o autor do texto estará em condições de avaliar qualitativamente a interacção conseguida.
Outra vantagem acessória do blogue é o contador de visualizações. É importante, pois há muitos leitores que não comentam o que lêem.
Claro que há comentários e comentários, daí o blogue permitir a aprovação dos comentários recebidos. Há quem conteste o direito de aprovação de comentários. Inclusivamente, há quem considere este direito um acto de censura. Não subscrevo esta opinião, designadamente depois de ter lido insultos e desaforos que só colocam mal quem os subscreve. Pior ainda quando são anónimos. O anonimato é uma praga que invadiu os blogues onde se dispensa o direito de aprovação dos comentários.
Quem escreve tem o direito de expressar o seu pensamento; quem lê tem o direito de apreciar o que leu e de manifestar concordância ou discordância, mas sempre com a civilidade consentânea com o princípio que dispõe ser o respeito que devemos a nós mesmos o que determina o respeito pelos outros.
Hoje, a internet permite o diálogo entre pessoas fisicamente muito distantes entre si. Aliás, esta possibilidade já havia chegado com o telefone, no século XIX, mas jamais com a abrangência que a internet possibilita. Esta possibilidade, que tenho aproveitado e muito preciosa tem sido, quero crer que seja um dos caminhos a percorrer na intenção de cotejarmos princípios e valores. A Humanidade é só uma, o planeta é só um. Se bem nos entendermos, a caminhada será mais fácil e a Vida agradecerá.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Setembro de 2012
08 - CIDADANIA * A nostalgia do chefe
Vem de longe a nostalgia do chefe. Hoje, prefere-se usar a palavra inglesaleader ou a sua forma aportuguesada – líder. E é sempre olhada com desconfiança a alternativa da acção partilhada, na assunção, aliás sábia, que nos vem da parábola dos vimes.
Esta nostalgia será reveladora das reminiscências do mito da orfandade?
Ou decorrerá de séculos de menoridade?
Numa retrospectiva histórica, encontramos situações em que o Povo é usado para objectivos que lhe são estranhos; e outras em que, agindo embora como força motriz, cede a orientação a quem não se rege por propósitos iguais ou afins. E tal sempre ocorreu porque foi ludibriado ou porque assume uma incapacidade em se impor que não terá no todo ou em parte. Ora ceder a orientação é aceitar a chefia ou a liderança de outrem.
Historicamente, o Povo foi sempre a parte insignificante da dita civilização. As classes dominantes mimoseavam-no com epítetos degradantes: ralé, arraia miúda, gente baixa, e por aí…
A cidadania ou, melhor, o que se entendia por cidadania, era privilégio recusado ao Povo.
O grande poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956) fixou de forma exemplar o que eu canhestramente tento dizer. Aqui fica, com a devida vénia:
Perguntas de um Operário Letrado
Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China, para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou, Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos.
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias!
Quantas perguntas!
É urgente, é inadiável assumirmos os nossos direitos e os nossos deveres.
Hoje e sempre!
José-Augusto de CarvalhoLisboa, 6 de Setembro de 2012.
08 - CIDADANIA * Serviço Público
RADIOTELEVISÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
-Manual das melhores
práticas-
Independência
editorial
Universalidade
Diferenciação
Diversidade
Informacão
Imparcial
Educação/Instrução
Conhecimento
Coesão
Social
Cidadania
Responsabilidade
Credibilidade
Editado por
Indrajit Banerjee
*
Afinal, quem tem dúvidas sobre o que
seja o serviço público que a RTP deverá ter?
Não andará aqui rabo
escondido com o gato de fora?
Agosto de 2012
08 - CIDADANIA * Sem controvérsia
1919
*
2012
Não se contesta o alerta dos malefícios do alcool e do tabaco,
mas o
fundamentalismo e o assalto à bolsa dos cidadãos.
Agosto de 2012.
08 - CIDADANIA * Controvérsia
Há muitas situações que resistem não pela sua bondade mas por nos termos
habituado a elas, derivando desta habituação a sua permanência. Sabendo embora
que provocarei controvérsia, haverá que agir com determinação e
extirpá-las.
Na toponímia, encontramos algumas dessas situações. Há quem sustente que a substituição na toponímia corresponderá ao apagar da História. Discordo. A toponímia tem a finalidade de homenagear e só se homenageia quem merece. O objectivo da História é outro.
O Poder Político tem quase sempre a fraqueza de homenagear os seus correligionários, numa óbvia perspectiva de facção. Se é verdade, e a História atesta-o, que a vida socio-política é uma sucessão de facções no Poder, não é menos verdade que há figuras acima das facções. Há figuras de todos os tempos merecendo a nossa homenagem, ainda que, aqui e ali, possamos discordar do seu pensamento ou da sua acção.
Outras situações há de evidente inadequação, quer pela sua irrelevância relativa, quer por estranhas à nossa realidade concreta.
Além de figuras pacificamente aceites como nacionais ou internacionais, sustento que cada região (e até cada povoação, porque não?) terá o dever de homenagear a sua gente.
Porque assim entendo, é com mágoa que verifico a ausência de homenagem toponímica de figuras do Alentejo, do nosso concelho e de cada uma das suas freguesias.
Algumas dessas figuras, falecidas há muito, terão caído no esquecimento. Mau caminho é o da perda da memória!
Quero crer que os boletins municipais deveriam encarregar alguém para tanto habilitado de avivar a memória do colectivo, trazendo da penumbra dos tempos as figuras que, pela sua acção, mereçam ser recordadas colectivamente. E, depois desse trabalho, ser ponderada a homenagem toponímica.
Neste como em todos os demais trabalhos que subscrevo, limito-me a usar de um elementar direito de cidadania – o direito de ter e de exprimir opinião.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
18 de Agosto de 2012.
Na toponímia, encontramos algumas dessas situações. Há quem sustente que a substituição na toponímia corresponderá ao apagar da História. Discordo. A toponímia tem a finalidade de homenagear e só se homenageia quem merece. O objectivo da História é outro.
O Poder Político tem quase sempre a fraqueza de homenagear os seus correligionários, numa óbvia perspectiva de facção. Se é verdade, e a História atesta-o, que a vida socio-política é uma sucessão de facções no Poder, não é menos verdade que há figuras acima das facções. Há figuras de todos os tempos merecendo a nossa homenagem, ainda que, aqui e ali, possamos discordar do seu pensamento ou da sua acção.
Outras situações há de evidente inadequação, quer pela sua irrelevância relativa, quer por estranhas à nossa realidade concreta.
Além de figuras pacificamente aceites como nacionais ou internacionais, sustento que cada região (e até cada povoação, porque não?) terá o dever de homenagear a sua gente.
Porque assim entendo, é com mágoa que verifico a ausência de homenagem toponímica de figuras do Alentejo, do nosso concelho e de cada uma das suas freguesias.
Algumas dessas figuras, falecidas há muito, terão caído no esquecimento. Mau caminho é o da perda da memória!
Quero crer que os boletins municipais deveriam encarregar alguém para tanto habilitado de avivar a memória do colectivo, trazendo da penumbra dos tempos as figuras que, pela sua acção, mereçam ser recordadas colectivamente. E, depois desse trabalho, ser ponderada a homenagem toponímica.
Neste como em todos os demais trabalhos que subscrevo, limito-me a usar de um elementar direito de cidadania – o direito de ter e de exprimir opinião.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
18 de Agosto de 2012.
12 - HISTÓRIA * Templários Portugueses
TERÇA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2012.
Santa Maria de "Foxes"
Na época da dita "reconquista", el-Rei D. Afonso I nosso Senhor e Irmão, estando em recuperação nas termas de Lafões por ter sido ferido com gravidade numa perna, declarou oficialmente que "de todo o território que ajudassem a conquistar a sul do Tejo, a terça parte seria propriedade dos Cavaleiros da Ordem do Templo".
Efectivamente algumas praças de guerra foram tomadas no Alentejo com a importante ajuda dos Templários Portugueses.
Em alguns lugares, bem dentro do território ocupado pelos muçulmanos, os Templários atreveram-se a criar uma ou outra Comenda apesar da instabilidade militar que essa ocupação representava.
Essas Comendas permaneceram secretas devido ao tipo de pactos estratégicos existentes entre o Monarca português (com seus Irmãos Templários) e alguns comandantes árabes envolvidos na actividade bélica da região.
Santa Maria de Foxes (lê-se fôches) foi uma dessas comendas secretas.
" O pequeno castelo árabe de Al-Batun com a sua mesquita dentro de muros e envolvido por largos fossos de protecção, foi ocupado por uma força Templária durante 5 anos sem que a sua arquitectura militar ou o seu lugar de culto muçulmano tivesse sido tocado ou alterado. A população árabe, em paz e harmonia, continuou a utilizá-los como se os Cavaleiros do Templo ali não estivessem aquartelados nas dependências mais humildes do castelo.
Ali cultivaram respeito e cortesia.
Ali criaram laços de amizade.
Quando os Templários se retiraram para norte por questões de estratégia administrativa, a população de lágrimas nos olhos disse ao comandante da milícia portuguesa: "Oxalá naõ foxeis".
Sentido, o Comendador Templário assentou no seu livro de guerra o nome da Comenda que deixava para trás com mágoa: "Santa Maria de Foxes".
Significado que pretendeu dar ao nome com a desculpa da presença dos "fossos" que rodeavam e protegiam o castelo mas que mal disfarçadamente deixava revelar o peso daquelas palavras; "Oxalá naõ foxeis".
Deus quisera que não tivésseis de partir...
Da presença da Comenda secreta de Santa Maria de Foxes, ou Foxem, hoje Viana do Alentejo, ficou apenas esta pedra, cabeceira de sepultura de um Cavaleiro Templário Português, adaptada a seteira e visível numa das muralhas reconstruídas do velho castelo árabe de Al-Batun.
Por alguma razão "obscura" estão hoje representados no brasão da Vila dois escudetes com a cruz Templária...
*
Devo informar que estive, há semanas, na Igreja Matriz, acompanhado do meu Amigo Pedro Lopes, licenciado em História. Este meu Amigo observou algumas pedras tumulares e, apontando para uma, disse-me que deveria ser de um cavaleiro templário. Ficámos perplexos, atendendo a que a Igreja data de finais do século XVI. Agora, pelo texto acima transcrito, estará clarificada a situação.
A minha gratidão ao site Templários Portugueses pelos dados aqui transcritos, relevantes para o conhecimento possível do nosso passado enquanto naturais desta vila.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Agosto de 2012.
Em tempo:
آل باطوم (Al-Batun) = Os Campos
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