Às vezes sinto que a palavra apouca
o tanto que queria fosse dito...
É quando o desespero me abre a boca
e tudo se liberta num só grito.
Um grito que ressoa além de mim,
e vindo das angústias ancestrais,
abarca, do princípio até ao fim,
anseios tão de menos, tão de mais...
Não quero ser de mais, nem ser de menos.
Apenas eu, aqui, no tempo certo.
Saber que sermos grandes ou pequenos
é porque estamos mais ou menos perto.
É sempre a perspectiva do meu grito
que tolhe o que calei, o que foi dito...
José-Augusto de Carvalho
10 de maio de 2005.
Viana * Évora * Portugal