Poeta quero ser da melodia à rima,
do grito de revolta ao grito da recusa!
Que importa se eu morrer nos braços da Medusa,
se há tanto eu já morri nas ruas de Hiroshima?
Aqui, recuso ter a paz dos cemitérios.
Aqui, recuso ser o cúmplice comparsa
que aplaude ou representa a náusea desta farsa
que sobre escombros ergue os circos dos impérios…
Vermelho é o meu sangue e vivo se derrama
em versos de amargor, nas aras da recusa,
sem nunca se render à fúria que o vitima…
Do tempo que passou ao tempo que me chama,
que importa o meu morrer nos braços da Medusa
se há tanto eu já morri nas ruas de Hiroshima?
José-Augusto de Carvalho
7.8.2004
Viana * Évora * Portugal
2 comentários:
Caro José-Augusto,
Não é todos os dias que podemos afirmar que há coerência... Coerência no aspecto formal - redondilhas, sonetos (mesmo com versos alexandrinos, não usuais na poética em Língua Portuguesa - quer na nossa variante, na galega ou na brasileira) - e no conteúdo... sempre voltado para a humana condição.
Um bem hajas pelas tuas palavras que são verdadeiras ogivas num mundo que se constrói à imagem e semelhança dos bens materiais.
Um abraço
Xavier Zarco
Muito gosto em conhecer este espaço!
Um abraço
goretidias
Enviar um comentário